Eleições

Número grande de candidatos pode levar à pulverização de votos no Agreste

Tradição de eleições polarizadas, com poucos candidatos, foi quebrada em vários municípios do Agreste

Por Cláudio Barbosa e Patrícia Bastos/ 7Segundos 02/10/2020 17h05 - Atualizado em 02/10/2020 18h06
Número grande de candidatos pode levar à pulverização de votos no Agreste
Urna eletrônica - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Se em 2016, Rogério Teófilo (PSDB) teve que esperar até a apuração das últimas urnas para ter a certeza de que havia vencido as eleições, a situação pode se repetir na votação de novembro. Tanto Arapiraca como outros municípios do Agreste registram um número recorde de candidatos à prefeitura, bem diferente do que tradicionalmente acontecia nas eleições anteriores, que eram polarizadas e inflamavam os eleitores, lembrando as torcidas no Fla x Flu.

Se em Arapiraca, a diferença de votos na eleição passada foi pequena entre o eleito e o segundo colocado - em 2016, Teófilo venceu Ricardo Nezinho por 259 votos - não será surpresa se o vencedor, entre os oito candidatos que estão na disputa conseguir se eleger com uma pequena vantagem sobre os adversários.

Mas não é só na capital da Região Metropolitana do Agreste que o aumento na quantidade de candidatos pode provocar uma pulverização dos votos. Os eleitores, acostumados a escolher seus candidatos a prefeito apenas se posicionando pela situação ou oposição, pela primeira vez em muito tempo terão um número maior de opções de escolha, como é o caso do município de Olho d`Água Grande, que tem cinco candidatos a prefeito.

Lá, o prefeito José Adelson (PTB) tenta a reeleição contra outros quatro nomes de peso no município: a ex-prefeita Suzy Higino (PP), esposa de Arnaldo Higino, que disputa a reeleição em Campo Grande; o ex-vereador Joseano Lima (PSD), filho do ex-prefeito Antônio Lima; o empresário Bruno do Posto (PSDB); e o médico João Pedro Cavalcante (PROS).

Outros cinco municípios da região metropolitana do Agreste têm as prefeituras disputadas por quatro candidatos:

- Coité do Nóia: O atual vice-prefeito Aurelino Lopes (MDB) é candidato com o apoio do atual prefeito Seninha, enfrentando o ex-prefeito Bueno Higino (PP), Drª Katia (Cidadania) e Magna Pedrosa (PSD);

- Girau do Ponciano: Davi Barros (MDB) é candidato à reeleição e terá como adversários Dr. Remi do João Ricardo (PSDB), Erivaldo do Espetinho (Rede) e Roberto Martins (PT);

- Lagoa da Canoa: Tainá Veiga (PP) concorre à reeleição e disputa votos com José Júnior (Rede), o ex-prefeito e deputado estadual Jairzinho Lira (PRTB), e também de Audálio Tenório (PTB);

- São Sebastião: O atual prefeito Zé Pacheco (PP) disputa mais um mandato, concorrendo com Adeilton Querino (Republicanos), Lula Curtinho (MDB) e Toinho do Petrúcio (REDE);

- Traipu: O atual prefeito Silvino Cavalcante (PSD) busca reeleição, enfrentando a ex-prefeita Conceição Tavares (PTB), Lucas Santos (MDB) - que é filho do ex-prefeito Marcos Santos- e Zé Ailton ( Rede);

Dobradinhas e disputas históricas


Enquanto isso, Craíbas, Feira Grande, Junqueiro, Limoeiro de Anadia, Taquarana e São Brás são disputadas por três candidatos. Nessas cidades, as “dobradinhas políticas”, unindo políticos tradicionais do município são comuns, como é o caso de Craíbas, em que o prefeito Ediel Leite (MDB), numa decisão estratégica escolheu para vice Geane Pedro (PSD), esposa do ex-prefeito Jadson Pedro, no lugar do vice da atual gestão, que vai disputar uma vaga na Câmara de Vereadores. Ediel enfrenta nas urnas o ex-vereador Alex Farias (PSDB) e o empresário Teófilo Pereira (PP), que pela quarta vez disputa a prefeitura.

As alianças políticas têm grande força nesses municípios e quando os grupos não formam um “chapão”, acabam repetindo disputas históricas. Em Taquarana, o prefeito reeleito Bastinho Anacleto apoia seu vice, Davi Teófilo (PP) - filho do ex-prefeito Alay Correia, contra o vice do seu primeiro mandato, Rafael Almeida (PDT). Além deles dois, também é candidato a prefeito o empresário Geraldo Cícero (Cidadania) que disputa o cargo pela terceira vez.

Dos 15 municípios que compõem a região metropolitana do Agreste, apenas um deles terá eleição polarizada entre situação e oposição: Jaramataia. Lá a disputa é entre dois tradicionais adversários políticos: o prefeito Jefferson Barreto (PSB) e o ex-prefeito Ricardo Paranhos (MDB). Paranhos foi eleito em 2012 e teve os planos de reeleição frustrados por Barreto em 2016. Agora ambos disputam a preferência dos eleitores para chegar ao segundo mandato.

Campanha pulverizada


Ainda na região Agreste, Tanque d`Arca também terá uma eleição com muitos candidatos. São cinco candidatos no total e o número poderia ser ainda maior, se os ex-prefeitos Roney Valença e Manoel Valente não tivessem formado aliança, celebrada com festa e aglomeração no mês de julho, em que apresentaram a chapa formada por suas respectivas esposas: Cristina (MDB) como candidata a prefeita e Andréia Barros (Republicanos), esposa de Manoel Valente.

A chapa feminina é também resultado da ruptura entre o ex-prefeito Roney Valença e seu sobrinho e atual prefeito Will Valença (PSD), que disputa a reeleição. Também concorrem à prefeitura o ex-vereador Antônio Teixeira (PMN), o vereador Flávio Bernardino (PDT) e o empresário Helvio Peixoto (Patriota).

Em poucos municípios a eleição segue como um Fla x Flu. Em Estrela de Alagoas, a disputa entre o irmão da deputada Ângela Garrote, Aldo Lira (PP) e o ex-prefeito de Palmeira dos Índios James Ribeiro (PTB), pode inflamar os ânimos dos eleitores.


Aldo Lira, que em 2016 foi eleito vice de Arlindo Garrote, assumiu a prefeitura em definitivo em agosto, após o sobrinho renunciar o mandato para assumir a coordenação regional do DNOCS, tenta a reeleição e tem como vice, Mário Jorge (PP). Já James Ribeiro, que tem no currículo dois mandatos como prefeito de Palmeira dos Índios e agora apoia a esposa na candidatura ao município vizinho, tem como vice o agricultor Cícero Pinheiro (PTB).

Situação semelhante a do município de Maribondo, em que concorrem o contador Claudivan Almeida (PTB), que disputa a prefeitura pela segunda vez contra Leopoldina Amorim (PSD), mãe e principal cabo eleitoral de Leopoldo Pedrosa, que foi eleito prefeito em 2016, mas renunciou ao mandato em março após sucessivas prisões. A chapa encabeçada por ela ainda é reforçada por Ubiratan Nunes (PSDB), que foi adversário do filho na eleição municipal anterior.