Covid -19

Frascos incompletos da Coronavac em Arapiraca causam prejuízo de mais de R$ 70 mil

Denúncia foi feita pela própria secretária de Saúde de Arapiraca, a médica infectologista Luciana Fonsêca

Por 7 Segundos 13/05/2021 12h12 - Atualizado em 13/05/2021 12h12
Frascos incompletos da Coronavac em Arapiraca causam prejuízo de mais de R$ 70 mil
A Coronavac é produzida no Brasil pelo Instituto Butantan - Foto: Reprodução

Ainda não se sabe o motivo, mas uma coisa é certa: os frascos de Coronavac que estão chegando a Arapiraca não estão rendendo dez doses, como deveriam. A denúncia foi feita pela própria secretária de Saúde de Arapiraca, a médica infectologista dra. Luciana Fonsêca, em entrevista exclusiva ao Portal 7 Segundos.

A informação foi ratificada pela coordenadora de Doenças Imunopreveníveis da SMS, enfermeira Mônica Suzy que, durante entrevista ao Portal, completou que, durante uma única notificação à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), foi informado de que mais de 1.300 vacinas teriam sido "perdidas", por falta de rendimentos nos frascos.

Levando em consideração que cada dose da Coronavac custa aos cofres públicos um valor equivalente a 10,53 dólares (R$5,22), só nessa leva de 1.300 doses citadas pela profissional de saúde arapiraquense, o prejuízo de doses pagas e que não foram administradas ultrapassa os R$70 mil.

Segundo Suzy, os frascos que deveriam conter 10 doses estavam rendendo apenas oito ou nove, o que prejudica o Plano Municipal de Vacinação em Arapiraca, que já está atrasado, devido a falta de insumos da Coronavac, que é um problema nacional.

"Isso vem acontecendo no Brasil todo. É uma situação delicada, pois a gente recebe 500 doses, mas não conseguimos vacinar 500 pessoas, como deveria ser. A coordenação nos orientou devolver os frascos a Central de Distribuição do Estado para que eles possam investigar o caso", informou. Confira abaixo:

Tendo em vista a seriedade das denúncias feitas, o Portal 7 Segundos realizou uma pesquisa com algumas das principais cidades do interior de Alagoas para questionar sobre o mesmo problema.

Todas as cidades que responderam a nossa reportagem foram unânimes em confirmar que o volume dos frascos da Coronavac não rendem dez doses.

Butantan nega problemas de envasamento

Em nota ao Portal 7 Segundos, o Instituto Butantan informou que o volume dos frascos é mais que suficiente para a aplicação das dez doses e sugere problemas da extração do líquido por parte dos técnicos da vacinação. Confira a nota na íntegra:

O Instituto Butantan informa que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola.

Esse volume, devidamente aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é suficiente para a extração das dez doses. É importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício.

Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan.

Além disso, inspeção da Vigilância Sanitária realizada no último dia 20/4 não encontrou nenhuma inadequação na linha de envase da Coronavac.

O Butantan realizou por meio de seus canais de comunicação informes técnicos no sentido de orientar os profissionais da saúde a usar as doses extras. Reforçamos que todas as investigações pertinentes foram feitas e todos os controles realizados nos lotes liberados foram avaliados. A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan. Na verdade, trata-se de uma prática incorreta no momento do uso das doses.

É essencial que tais profissionais sigam as orientações e práticas adequadas, no intuito de evitar perdas durante a aspiração da vacina. Seringas de volumes superiores (ex: 3ml, 5ml), podem gerar dificuldades técnicas para visualizar o volume aspirado, uma vez que podem não possuir as graduações necessárias. Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração.

O Instituto Butantan vem atuando juntamente aos gestores envolvidos na campanha de vacinação no intuito de orientar cada vez mais os profissionais responsáveis pelas aplicações das doses.