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Com pandemia, número de atendimentos pré-natal teve queda de até 64%

Secretário do Ministério da Saúde diz que índices são resultado do medo de procurar unidades de saúde durante a pandemia

Por Metrópoles 16/04/2021 18h06
Com pandemia, número de atendimentos pré-natal teve queda de até 64%
Redução da mortalidade materna em Alagoas é atribuída aos esforços realizados pelo Governo do Estado no âmbito da qualificação do pré-natal de alto risco e habitual, bem como a implantação do Programa Criança Alagoana - Foto: Carla Cleto

O número de atendimentos pré-natal teve redução de até 64% entre os anos de 2019 e 2020. Com a pandemia de Covid-19, gestantes procuraram unidades de saúde com menos frequência para realizar os procedimentos.

O Ministério da Saúde divulgou a informação na manhã desta sexta-feira (16/4), em coletiva de imprensa. Documentos apresentados pelos gestores da pasta apresentaram mostram que o número de mulheres atendidas na atenção primária para realização do pré-natal passou de 1,5 mil, em 2019, para 1,3 mil, em 2020.

A queda no número geral de mulheres atendidas não é muito expressiva: 11,7%. No entanto, se observada a quantidade de atendimentos realizados a cada paciente, a redução é drástica.

Confira os números:

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, no Brasil, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) estabelece que o número mínimo de consultas pré-natal deve ser de seis atendimentos.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2019, o número de mulheres que fez seis ou mais atendimentos foi de 305.779. Em 2020, com a pandemia, a estatística baixou para 109.080, uma redução de 64,3%.

Os dados do ano passado ainda são preliminares, mas chamam atenção para a saúde das gestantes durante a crise sanitária que o mundo enfrenta.

A queda também ocorreu na faixa de gestantes que fizeram de quatro a cinco consultas: em 2019, o número foi de 259.139 grávidas. Em 2020, o dado passou para 104.411 mulheres, uma redução de 59,7%.

Em 2019, 944.207 mulheres fizeram entre uma e quatro consultas pré-natal. Com a pandemia, em 2020, o dado passou para 436.657. A redução foi de 53,7%.

Pandemia

Raphal Câmara Parente, secretário de Atenção Primária à Saúde, disse, em coletiva de imprensa, que os números são resultado do medo de procurar unidades de saúde durante a pandemia. Ele ressaltou que o distanciamento social deve ser seguido, mas não deve interromper os atendimentos médicos da gravidez.

“Repare a diminuição abrupta: não há nenhuma justificativa para isso. Isso é porque [houve] muito daquela recomendação do fique em casa. Óbvio que tem que ficar em casa quando não tem motivos [para sair], mas quando há motivos, tem que ir ao pré-natal”, argumentou Parente.

Segundo o secretário, ninguém deve deixar de fazer o pré-natal. “Nenhuma Unidade Básica de Saúde do Brasil pode estar fechada por motivo algum”, afirmou.

Raphael ressaltou que os gestores estaduais e municipais devem ter atenção à situação. Segundo o gestor, sem o pré-natal, problemas na gravidez correm risco de não ser identificados a tempo, prejudicando a saúde de gestantes.

“Não há justificativa para isso acontecer. O que tem que ser feito é dar toda a condição da grávida fazer o pré-natal que, por vezes, pode ser feita por telemedicina, mas o ideal é que seja presencial. Isso deve ser feito e cabe ao gestor local fazer isso da melhor forma possível”, explicou.

Investimento

O secretário compartilhou a informação em um momento em que o Ministério da Saúde dedica atenção especial às mulheres grávidas e puérperas.

Nesta sexta-feira, o governo federal publicou uma portaria que libera R$ 247 milhões em ações para esta população, neste período de pandemia.

Segundo o secretário, a quantia deve ser usada em ações como a hospedagem e o isolamento de gestantes que não têm condições de praticar distanciamento social, e o encaminhamento dessas mulheres ao pré-natal odontológico

O gestor ressalta que, com o surgimento da P.1, variante do coronavírus que surgiu em Manaus (AM), a população de gestantes e puérperas fica mais fragilizada.

Apesar de não haver estudos que comprovam o aumento da letalidade dessa população por consequência das novas variantes, o secretário chama atenção para o tema e diz que os gestores locais devem divulgar as ações de apoio a essas mulheres.

“A gente sabe que essas variantes mostram agressividade maior com grávidas, quando comparado a 2020. É importante que dinheiro seja bem utilizado. Se a gestante souber que tem esse dinheiro, ela tem como cobrar do gestor”, disse.