Meio ambiente

Tubarão de duas cabeças é achado no litoral de SP e intriga pesquisadores

Primeiro tubarão gêmeo siamês da espécie do mundo foi encontrado por pescadores na costa entre Peruíbe e Itanhaém, no litoral paulista

Por G1 03/11/2020 09h09 - Atualizado em 03/11/2020 09h09
Tubarão de duas cabeças é achado no litoral de SP e intriga pesquisadores
Tubarão galhudo de duas cabeças é encontrado na costa da Baixada Santista - Foto: Divulgação/Edris Queiroz

Cientistas brasileiros identificaram o primeiro tubarão galhudo de duas cabeças do mundo. O espécime foi encontrado por pescadores próximo à costa, na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo. De acordo com especialistas, a causa da anomalia pode estar ligada, entre outros fatores, à poluição dos oceanos.

O estudo pioneiro foi realizado pelo professor e biólogo Edris Queiroz e pela pesquisadora Luana Felix, do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (Ibimm) de Peruíbe. "É o primeiro caso do mundo, registrado e documentado na literatura, de um tubarão galhudo gêmeo siamês encontrado na natureza", explica Edris.

Ao G1, o biólogo marinho explica que o animal, encontrado por pescadores, foi doado ao Ibimm para estudo. A partir das análises, os pesquisadores descobriram que o animal não só possui duas cabeças, mas que também apresenta dois corações e duas colunas vertebrais independentes, além de outros órgãos internos duplos.

"Após uma análise da anatomia externa e interna do tubarão, a melhor definição para o caso é de que seriam gêmeos siameses. É um acontecimento muito raro, devemos ter entre 10 casos no mundo. O problema é que eles morrem rapidamente, logo após o nascimento. Se tornam presas fáceis e acabam sendo predados", explica Edris.

O professor afirma que não é possível determinar a causa da anomalia, mas que, dentre os fatores possíveis, pode estar relacionada à poluição dos mares. "Os tubarões acumulam metais pesados em sua alimentação, e isso pode gerar o que chamamos de uma mutação, uma anomalia".

O fenômeno, segundo Edris, também pode estar ligado a alterações genéticas e problemas no útero da mãe. "A compressão do útero pode fazer um ovo se fundir com outro. Não temos como ter certeza pois são eventos raríssimos. Não sabemos se a raridade acontece porque simplesmente não encontramos esses tubarões ou se são eventos realmente diferenciados".

Além da equipe do Ibimm, o estudo também contou com a participação dos professores Alberto Amorim e Eduardo Malavasi, do Instituto de Pesca de Santos.

"Com essas novidades, talvez seja possível chamar atenção para os problemas sérios que têm ocorrido nos ambientes marinhos. Esse estudo vai ajudar a buscarmos medidas que auxiliem na preservação e conservação das espécies", finaliza Edris