Comportamento

Projeto "Empatia ajuda e contagia" estimula gestos de afeto durante isolamento social

De acordo com a psicóloga Patrícia Nayara crianças e idosos sofrem mais com a ausência do contato físico

Por 7segundos 05/06/2020 07h07
Projeto 'Empatia ajuda e contagia' estimula gestos de afeto durante isolamento social
Projeto - Foto: Divulgação

Desde o início do isolamento social em função do combate ao coronavírus, milhares de pessoas tiveram que se adaptar a uma nova forma, brusca, mas necessária e emergencial de se relacionar com a família, amigos, colegas de trabalho e outras pessoas que fazem parte do cotidiano de suas vidas.

Preservar a vida é o mais importante nesse momento de pandemia por isso quem segue as normas de proteção determinadas pelos órgãos de saúde está vivendo um isolamento que tem provocado inúmeras consequências emocionais.

Para minimizar a ansiedade, a depressão e outros fatores psicológicos que podem ser potencializados e/ou desencadeados durante esse período, a psicóloga, psicopedagoga e neuropsicóloga, Patrícia Nayara, lançou nas redes sociais, o projeto “Empatia ajuda e contagia”. Ela explica que o projeto consiste em estimular afeto e demonstrar todo o carinho a quem você não pode mais manter constantemente o contato fisico  devido o isolamento social.

"A simples iniciativa de deixar um bilhete, escrever uma cartinha, enviar um doce ou uma rosa, vai fazer um bem enorme a quem recebe e quem está promovendo essa ação afetiva", afirmou a psicóloga.

Patrícia Nayara revelou que a ideia surgiu a partir de uma experiência própria quando sentiu o desejo inesperado de entrar em contato com uma amiga que estava há algum tempo sem enviar mensagens.  Para surpresa da psicóloga a amiga informou que tinha perdido um tio e  estava passando por um momento de muita tristeza.

"Fazia tanto tempo que a gente não se falava,  e senti uma vontade enorme de abraçá-la e confortá-la nesse momento de luto, mas devido ao isolamento social não tive como agir dessa maneira", contou Patrícia Nayara.

Então, ela pensou em fazer algo especial, que pudesse demonstrar afeto e carinho. Patrícia Nayara lembrou que a amiga gostava de bolos, e como nesse período de quarentena ela está com mais tempo de cozinhar, resolveu presentear a amiga com cup cake fitness.

"Eu acabei fazendo mais unidades dos bolinhos e presentei outras duas amigas, que coincidentemente, uma delas, também estava passando por um momento difícil com uma fllha adoelscente. Elas ficaram surpresas e muito gratas por esse gesto de carinho ", revelou.

A psicóloga afirmou que neste momento onde o distanciamento físico tem provocado uma solidão involuntária em algumas pessoas, uma simples iniciativa pode trazer um benefício enorme para quem recebe e também para quem faz esse ato de amor. 

"Se colocar no lugar do outro e pensar como você pode contribuir para deixar o dia dele mais feliz é algo que também faz bem para nós mesmos. Nesse processo a pessoa que doa acaba esquecendo dos próprios medos e das angustías recorrentes desse situação de pandemia que estamos vivendo", pontuou.

Cientificamente, a psicológa explicou que a falta do contato físico pode provocar uma doença chamada de Marasmo. Essa patologia foi diagnosticada a partir dos recém-nascidos, que por alguma  deficiência de saúde,  tinham que ficar muito tempo distantes das mães nas unidades neonatais. Os especialistas perceberam que ao colocar os bebês em contato com a mãe  aumentava as chances de sobrevivência. A partir desa experiência, foram implantadas políticas públicas a exemplo do Programa Canguru.

A psicóloga ressaltou que nesse período de isolamento social a grande maioria das pessoas fica sensível e carente, mas  as crianças e os idosos, sofrem muito  com a falta do contato físico.

Patrícia Nayara relatou que durante o preparo dos cup cakes para presentear as amigas, ela teve a ajuda da  filha de 9 anos, que também quis presentear uma coleguinha da escola com as guloseimas .

"Eu avisei a mãe da criança que estávamos indo entregar o bolo devidamente protegidas com máscara e com o uso do alcoo em gel higienizando as embalagens e as nossas mãos. Quando a coleguinha viu a gente chegando dava pulos de alegria. Foi muito emocionante", relatou a psicóloga.

Patrícia Nayara disse que a recompensa maior foi quando a filha dela, após entregar o bolo sem poder abraçar a coleguinha, entrou no carro e começou a chorar. 

"Eu perguntei porque ela estava chorando e ela me respondeu que estava lembrando dos omentos bons do passado. Isso é muito importante para o desenvolvimento emocional de uma criança",  finalizou.

Quem quiser compartilhar sua própria  experiência pode escrever uma mensagem ou registrar em foto e vídeo e enviar para o instagram patricia_nayara_psi