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Cidade chinesa volta ao isolamento parcial após novos casos de coronavírus

Em Jilin, fronteira com a Coreia do Norte, seus moradores foram proibidos de sair sem terem sido submetidos a testes nas últimas 48 horas

Por O Globo 13/05/2020 16h04
Cidade chinesa volta ao isolamento parcial após novos casos de coronavírus
Jilin está fechada parcialmente após foco do novo coronavírus: cidade bloqueou as entradas e saídas de suas rodovias - Foto: STR/AFP

A cidade de Jilin, no nordeste da China, voltou ao confinamento parcial de seus habitantes após o surgimento de novos casos de coronavírus, aumentando o medo de uma segunda onda da epidemia no país, berço da doença no final do ano passado.

Desde que a quarentena terminou em 8 de abril em Wuhan (centro), a cidade onde o vírus surgiu no final de 2019 e que já teve novos casos no último final de semana, a situação volta gradualmente ao normal na China, embora medidas draconianas de precaução continuem sendo aplicadas em algumas locais.

Em Jilin, na província de mesmo nome, o transporte público foi suspenso na última quarta-feira e seus habitantes foram proibidos de sair sem terem sido submetidos a testes para o coronavírus nas últimas 48 horas. Jilin é a segunda maior cidade de Jilin, que faz fronteira com a Coréia do Norte e a Rússia. Todos os seus 4 milhões de habitantes estão obrigados a ficaram em "auto-isolamento estrito".

As escolas, que reabriram, fecharam imediatamente suas portas novamente, além de locais públicos, principalmente cinemas, academias, cafés e parques. As farmácias devem comunicar às autoridades os nomes daqueles que compram analgésicos e medicamentos antivirais, alertou o gabinete do prefeito nas mídias sociais.

A situação "é extremamente séria e complicada", reconheceu um vice-prefeito de Jilin, apontando na quarta-feira o "risco de maior disseminação" do coronavírus.

Na cidade vizinha, em Shulan, um novo foco infeccioso foi detectado no final da semana passada. Foram relatados seis novos casos na quarta-feira, chegando a 21 neste surto, que começou com a infecção de um funcionário de uma lavanderia. O transporte público está suspenso desde domingo.

Após uma explosão em fevereiro, a contaminação foi consideravelmente reduzida na China nas últimas semanas, o número de novos casos caiu para apenas sete na quarta-feira, um deles importado.

Nenhuma nova morte foi relatada no país desde 7 de abril. Desde janeiro, 82.926 infecções foram detectadas na China, com 4.633 mortes.

Campanha ambiciosa

Em Wuhan, foi lançada uma campanha ambiciosa para examinar todos os seus 11 milhões de habitantes depois que um foco de casos novos provocou o temor de uma segunda onda de infecções.

Ao menos dois dos principais distritos de Wuhan entregaram avisos da campanha de porta em porta e enviaram questionários virtuais por meio de agentes comunitários pedindo informações sobre exames que as pessoas já fizeram e indagando se pertencem ao que se considera grupos de alto risco, contaram os moradores.

"Para aproveitar melhor os exames de ácido nucleico como ferramenta de monitoramento, e de acordo com as exigências do gabinete de Estado de ampliar os exames, decidimos após uma reflexão realizar exames em todos os moradores", diz um questionário enviado aos moradores do distrito de Wuchang, cuja população é de 1,2 milhão.

No dia 23 de janeiro, Wuhan foi submetida a um isolamento que só foi suspenso em 8 de abril. A cidade relatou seis casos novos no final de semana, as primeiras infecções desde que as restrições foram descartadas.

Citando um documento interno encaminhado a autoridades distritais, a Reuters noticiou na segunda-feira que a metrópole planeja realizar uma campanha de exames de ácido nucleico ao longo de 10 dias.

Os moradores dos distritos de Wuchang e Hankou, este último com uma população de mais de 2,6 milhões, disseram que foram orientados a fornecer até esta quarta-feira dados pessoais, incluindo qualquer histórico de exames de ácido nucleico, e informar se pertencem a qualquer um dos 12 "grupos principais", de acordo com quatro moradores e com cópias de questionários vistas pela Reuters.

Os exames incluirão os de ácido nucleico e de anticorpos de soro, de acordo com um aviso emitido pelo distrito de Wuchang.

Os 12 "grupos principais" incluem casos confirmados e assintomáticos de coronavírus e seus contatos, pessoas com febre, funcionários médicos, de escolas, transportes, bancos, supermercados e governamentais e pessoas voltando do exterior ou que pretendem sair de Wuhan a trabalho.

Os casos assintomáticos, ou as pessoas que tiveram diagnóstico positivo e não exibem sintomas clínicos, como febre, podem transmitir o vírus a outras. A China não divulga as estimativas do número de tais casos.

Mais de 3.800 habitantes de Wuhan morreram do vírus, disseram as autoridades, ou cerca de 80% das fatalidades da China.