Política

Ramagem diz ter 'apreço' da família Bolsonaro, mas nega 'intimidade'

Chefe da Abin, Alexandre Ramagem prestou depoimento em inquérito que apura se Bolsonaro

Por G1 12/05/2020 09h09
Ramagem diz ter 'apreço' da família Bolsonaro, mas nega 'intimidade'
Alexandre Ramagem durante solenidade em que foi empossado na direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - Foto: Valter Campanato

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, afirmou nesta segunda-feira (11) em depoimento que tem o "apreço" da família do presidente Jair Bolsonaro, mas negou ter "intimidade".

Ele disse ainda que foi consultado pelo presidente e pelo ministro da Justiça, André Mendonça, sobre as qualificações profissionais do delegado Rolando Alexandre, escolhido por Bolsonaro para comandar a Polícia Federal.

Ramagem prestou depoimento à PF em Brasília no inquérito autorizado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar suposta tentativa de interferência de Bolsonaro no órgão.

O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), após o então ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciar a demissão do cargo alegando que houve interferência política de Bolsonaro na PF.

Ramagem chegou a ser nomeado novo diretor-geral da PF no lugar de Maurício Valeixo, demitido do cargo por Bolsonaro. Mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, barrou a nomeação por entender que houve desvio de finalidade.

"[Ramagem disse] que o depoente [Ramagem] tem ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República no trabalho do depoente, mas não possui intimidade pessoal com seus entes familiares", afirmou Ramagem no depoimento.

"[Ramagem também disse] que no entender do depoente, o motivo da sua desqualificação, portanto, foi o fato deste não integrar o núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro Sergio Moro, uma vez que, diante dos fatos ora relatados, não haveria um impedimento objetivo que pudesse conduzir à rejeição de seu nome", acrescentou.

Em seguida, ele disse que o presidente lhe consultou sobre a indicação de Rolando Alexandre.

"Que indagado se foi consultado a respeito das qualificações profissionais do DPF Rolando Alexandre enquanto possível indicado para o cargo de diretor-geral, respondeu que sim, tendo sido questionado a respeito, tanto pelo presidente da República como pelo ministro da Justiça, André Mendonça", disse Ramagem no depoimento.