Saúde

Covid-19: Número oficial de casos é apenas 10% do total, estima epidemiologista

O laboratório coordenado pelo especialista tem cálculos que indicam um número bem maior de casos

Por CNN Brasil 11/04/2020 17h05
Covid-19: Número oficial de casos é apenas 10% do total, estima epidemiologista
Coronavírus - Foto: Reprodução

O epidemiologista Roberto Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) e coordenador do grupo de trabalho para enfrentamento da COVID-19, afirmou à CNN, nesta sexta-feira (10) que o número atual de casos de coronavírus divulgado pelo Ministério da Saúde é equivalente a apenas 10% do verdadeiro total de pessoas infectadas pela COVID-19 no Brasil.

"O número de casos hoje, que está em torno de 17 mil, é bem maior do que os casos notificados, e isso ocorre em qualquer epidemia", diz ele, acrescentando que os motivos para isso vão desde a baixa taxa de testes até os casos de assintomáticos, que nem chegam a buscar ajuda médica e, portanto, não entram para a estatística oficial da doença. Até a tarde de quinta-feira (9), o Brasil registrou 17.857 casos confirmados e 941 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde.

O laboratório coordenado pelo especialista tem cálculos que indicam um número bem maior de casos. "A estimativa do nosso laboratório é que esse número seja apenas 10% do total de casos que ocorrem hoje no Brasil. Além disso, o Imperial College London, que é um grande centro de modelagem matemática, estima que para cada um caso existem nove não notificados", explica. "Então, nós temos um volume muito maior do que atualmente".

Ainda conforme as mesmas estimativas, o pico do número de casos deve acontecer entre o final de abril e início de maio. "E isso significa o auge da crise, por isso precisamos urgentemente, em primeiro lugar, manter o isolamento social", orienta. "Em segundo lugar, temos de ampliar a oferta de leitos e a compra de equipamentos de UTI, porque o setor de saúde pode colapsar, e aí nós não queremos assistir ao que vimos no norte da Itália em que tínhamos que decidir qual paciente entraria no respirador".