Arapiraca

Hospital Afra Barbosa: Caos administrativo que se arrasta há décadas  

Familiares brigam na justiça pelo comando da unidade hospitalar

Por 7Segundos 06/03/2020 06h06
Hospital Afra Barbosa: Caos administrativo que se arrasta há décadas  
Hospital Afra Barbosa, em Arapiraca - Foto: Reprodução

Os últimos fatos envolvendo a possível interdição do Hospital Afra Barbosa, em Arapiraca, pelo Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremeal), revelam uma história de caos administrativo que se arrasta há décadas. A direção do Afra Barbosa tem até o próximo dia 13 de março para corrigir as irregularidades apontadas pelo Cremal, caso o contrário pode ser fechado.

Mas as falhas hospitalares detectadas durante fiscalização da equipe do Cremal como falta de equipamentos no centro cirúrgico e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI); ausência de responsável técnico em áreas específicas; falta de insumos, dentre outros, não são os únicos problemas da unidade hospitalar.

Parte dos funcionários está  sem receber o pagamento do 13º salário e os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

De acordo com as denúncias que chegaram ao Portal 7 Segundos há cerca de um mês, a direção do hospital reuniu os funcionários e afirmou que o 13º salário e o mês de dezembro seriam pagos (pasmem!) em dez parcelas. O  restante dos salários atrasados seria pago regularmente no final de cada mês. Durante a reunião, foi afirmado que esse acordo estava protocolado no Ministério do Trabalho.

Nesta quarta-feira (04) o Portal 7Segundos entrevistou a a atual administradora do Hospital Afra Barbosa, Waneska Barbosa, e questionou sobre o atraso no pagamento dos funcionários. A médica apenas informou que essa questão de pagamento está sendo resolvida no Ministério do Trabalho.

Mas ainda segundo as denúncias que chegam à redação do Portal 7Segundos, o acordo não está sendo cumprido.  Apenas uma pequena parte dos funcionários recebeu o mês de janeiro, e a grande maioria continua trabalhando sem ver o dinheiro na conta desde dezembro de 2019.

“Isso é um absurdo, um desrespeito com os funcionários que estão aqui diariamente trabalhando e estão há 3 meses sem receber, Eu estou com aluguel atrasado e passando necessidade”, afirmou um funcionário que não quis se identificar.

Nos corredores do hospital não é difícil encontrar funcionários revoltados e outros até chorando diante de tanta humilhação que passam. Eles afirmam que o assédio moral praticado pela direção do hospital é constante, e muitos afirmam que só não pedem demissão porque tem filhos pequenos e precisa do emprego para garantir o sustento da famila.

“Esse hospital tem que ser interditado e administrado por uma equipe de profissionais sérios que ofereca tratamento digno aos pacientes e respeite os funcionários que trabalham aqui. :Há muitos processos na justiça denunciando todo o caos que vem sendo  é o Afra Barbosa”, denunciou. 

Histórico familiar

O hospital foi fundado pelo médico Djaci Barbosa, que faleceu em 2013, aos 82 anos, em função de um câncer de próstata.  Antes mesmo da morte do fundador, a esposa e os filhos brigavam na justiça pelo comando da unidade hospitalar.  

O filho que era médico com especialidade em urologia, Djaci Barbosa Júnior, morreu em dezembro de 2012, aos 49 anos, em decorrência de um câncer no estômago.  

A administração do hospital ficou nas mãos dos outros herdeiros: o empresário e ex-vereador Fernando Barbosa, que nunca se envolveu diretamente na briga judicial; a anestesista Vaneska Barbosa; a obstetra Afra Barbosa e a viúva Vanilda Barbosa.

A cada nova determinação da justiça, as irmãs e a mãe se alternam na administração da unidade hospitalar. De acordo com os funcionários essas mudanças no comando do Afra Barbosa geram um verdadeiro “tsunami’ no cotidiano hospitalar, afetando diretamente o corpo de funcionários e indiretamente os pacientes.

“Elas brigam muito, chegam gritando aqui no hospital não respeitam os pacientes e nem os pacientes. É uma loucura quando uma irmã ganha o processo na justiça e assume o lugar da outra. Demitem e admitem funcionários como uma troca de roupa. Todo mundo aqui vivem com os nervos à flor da pele”, informou um funcionário.