Cidades

Conselho Tutelar nega atendimento a criança vítima de maus tratos internada em Arapiraca

Segundo pediatra, Anadja Almeida prometeu resolver a situação

Por 7 Segundos 29/10/2019 12h12
Conselho Tutelar nega atendimento a criança vítima de maus tratos internada em Arapiraca
Novembro Azul ganha programação especial no Hospital Regional - Foto: Assessoria

O setor de pediatria do Hospital Regional de Arapiraca está indignado com a falta de compromisso do Conselho Tutelar, que nesta terça-feira (29) informou que não poderá acompanhar caso de uma criança que está sendo atendida na unidade que pode estar sendo vítima de maus tratos.

"Como pediatra e como mãe não consigo me conformar com uma situação como esta. Como é que os conselheiros tutelares simplesmente dizem que não podem atender porque estão sem carro e sem combustível? O que vai acontecer com essa criança depois que receber alta? Vai voltar para mesma casa onde pode estar sendo vítima de maus tratos? Se ninguém fizer nada, essa criança pode acabar morrendo", afirmou, indignada, a médica que está de plantão no Hospital Regional. Ela pediu para não ter o nome divulgado.

A criança, de acordo com ela, é uma menina de um ano e quatro meses que tem necessidades especiais, por apresentar deformação nos pés e no céu da boca. Ela que deu entrada no hospital na manhã desta terça, com um quadro grave de desnutrição e desidratação.  A criança pesa 6,5kg, peso normal para um bebê de cinco meses de vida e pode estar com problemas respiratórios. "A criança chegou aqui com as unhas enormes, do tamanho que nem algumas mulheres adultas conseguem manter, e cheias de sujeira. Está sendo hidratada e vai ser submetida a um raio-X do pulmão, porque ouvi um chiado no peito dela", afirmou.

A médica conta que a criança foi levada para o hospital pelo pai, que alegou estar viajando e que, ao retornar encontrou a filha naquela situação. Em situações como esta, a pediatra conta, o serviço social do hospital entra em contato com o Conselho Tutelar, que vai acompanhar o caso e tomar as providências necessárias quando há indícios de maus tratos ou de abuso.

"Quando o serviço social ligou para o telefone no plantão, o conselheiro que atendeu disse que não poderia vir ao hospital porque está sem carro e sem combustível. A única orientação que deu foi a de informar que o pai deve ir ao Conselho Tutelar para denunciar o caso. Liguei também para uma pessoa que conheço que venceu na última eleição do Conselho e assume em janeiro. Na época da campanha esse pessoal diz que vai defender as crianças e adolescentes, mas agora fica de braços cruzados", declarou.

A reportagem entrou em contato com o plantão do Conselho Tutelar I e o conselheiro, que se identificou apenas como Zeilton confirmou ter recebido o chamado do Conselho Tutelar. Ele alegou que o veículo está na oficina e que, no período da tarde, estará pronto para atender os chamados. Mesmo assim, de acordo com ele, não havia necessidade de um conselheiro se deslocar até o Hospital Regional para atender a ocorrência.

"Não adianta ir lá enquanto a criança estiver na observação. O que foi passado para nós é que o pai não tem a guarda dessa criança e ao ver a situação da filha, que estava com a mãe, que tem outros filhos de outros pais, a levou para o hospital. Então nós pedimos que o pai, assim que a criança for atendida, procure o Conselho Tutelar para tomarmos providência em relação à guarda dessa criança", alegou o conselheiro.

A médica do Hospital Regional voltou a entrar em contato com o 7Segundos para informar que conseguiu falar com a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Anadja Almeida, e informou sobre a situação. De acordo com ela, Anadja garantiu que, no periodo da tarde, o Conselho Tutelar vai até o hospital para atender o caso.