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Embaixada do Brasil em Berlim acaba com coral por repertório com canções de Chico contra a ditadura

"A embaixada do Brasil não pode ser utilizada como plataforma para o lançamento de programa de protesto contra o governo”

Por DCM 28/09/2019 11h11
Embaixada do Brasil em Berlim acaba com coral por repertório com canções de Chico contra a ditadura
Embaixada do Brasil em Berlim acaba com coral por repertório com canções de Chico contra a ditadura - Foto: Reprodução

A Embaixada do Brasil em Berlim negou que o motivo de ter deixado há cinco meses de divulgar um coral especializado em música brasileira na capital alemã tenha relação direta com seu repertório, que inclui canções do compositor Chico Buarque. O órgão argumenta que a decisão se deve à “perda de confiança gerada pela alteração unilateral da programação”, por conta de um concerto realizado na sede da representação diplomática.

“A embaixada é representante do Estado brasileiro e se empenha em divulgar a cultura brasileira e sua música, caraterizada pela nossa diversidade, sem discriminação alguma com relação a qualquer artista, o que evidentemente inclui Chico Buarque, um dos expoentes maiores de nossa músicas”, ressalta o órgão em nota divulgada nesta quinta-feira (26/09).  O texto diz que “o Brasil é um país democrático, acostumado e respeitoso (…) mas é evidente que a embaixada do Brasil não pode ser utilizada como plataforma para o lançamento de programa de protesto contra o governo”.

A embaixada reconhece que interrompeu a divulgação das atividades do coral Brasil Ensemble Berlin após abrigar um concerto do grupo em seu edifício no dia 11 de abril. O motivo, segundo a nota, foi uma alteração da programação do espetáculo “sem qualquer consulta à embaixada, na forma do lançamento imprevisto de uma iniciativa de cunho essencialmente político, rompendo claramente o entendimento acordado e o espírito da ocasião”.

O show teve um repertório incluindo, entre outras, canções de Chico Buarque da época da ditadura militar, como Cálice e Roda viva. O clássico de Tom Jobim O morro não tem vez foi apresentado em roupagem renovada, intercalado com um rap com referências ao cotidiano de comunidades pobres e discriminadas, a Marielle Franco, vereadora do Psol assassinada em 2018, e a Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.