Polícia

Arapiraca: arma falhou quando ex-marido mirou na cabeça da vítima

Mulher diz que segurou revólver por medo que filho fosse atingido por tiros

Por 7Segundos 30/07/2019 18h06
Arapiraca: arma falhou quando ex-marido mirou na cabeça da vítima
Maria Rosângela da Silva, de 28 anos, e Carlos Eduardo Lima dos Santos, de 38 anos - Foto: Arquivo pessoal

A mulher, que sofreu uma tentativa de feminicídio no último domingo (28), em Arapiraca, disse que segurou a arma e levou o ex-marido para longe da residência por medo que ele acabasse atingindo seus pais e o filho do casal. O crime ocorreu no bairro Cacimbas.

Em uma entrevista exclusiva ao 7segundos, Maria Rosângela da Silva, de 28 anos, detalhou como foi atingida com um tiro na nuca por Carlos Eduardo Lima dos Santos, de 38 anos, com quem viveu por dez anos e tem um filho de seis anos de idade.

A vítima diz que já estava desconfiada que algo poderia acontecer. Segundo o relato, ela pediu que ele levasse o filho para casa dos pais dela porque não voltaria mais para residência em que os dois viviam. Carlos teria levado o filho, mas sem os pertences da criança.

“Fiquei desconfiada quando ele disse que voltaria para trazer as coisas. Ele voltou sem a moto e eu já fiquei observando se ele estava armado. Percebi algo estranho em uma bolsa preta. Com uma força que nunca imaginei, segurei a arma e lutei com ele no chão para  que ele não entrasse na casa onde estava meu filho. Segurei até quando Deus permitiu”, contou.

Segundo o relato, quando Rosângela não conseguiu mais conter o ex-marido, tentou se esconder dentro da casa e acabou atingida na nuca quando estava de costas. Ela se arrastou para dentro de um quarto, e ele a seguiu. Carlos Eduardo mirou na cabeça dela, porém a arma falhou.

Ela disse que o pai tentou segurar a arma, mas o ex-marido acabou desistindo de tentar matá-la e colocou o revolver dentro da boca. A arma falhou mais uma vez e ele fugiu. Em seguida, foi preso por militares do 3° Batalhão de Polícia Militar.

Ao 7Segundos, Rosângela contou que no dia anterior ao crime havia acordado por volta das 3h da manhã com Carlos tapando sua boca e dizendo que estava com pressentimento que ela não voltaria mais para casa. Ela disse que sofreu outras agressões, mas que, dessa vez, ele estava mais “estranho e calado”.

“Eu não estava vivendo. Pedi a Deus uma chance de viver minha vida e foi um livramento que não era para todo mundo. Só Deus. Depois do que passei naquele quarto, vi que quem tem o poder é Deus e mais ninguém. Se tivesse que morrer, morreria ali fora. Eu segurei a barra. Ninguém chegou para me ajudar, só a força que Ele me deu”, disse.

Premeditado

Após receber alta do Hospital de Emergência (HE) do Agreste, Maria Rosângela da Silva disse que voltou à residência em que dois moravam e encontrou o local que arma estava enterrada. Também encontrou um papel que comprovava um seguro de vida no valor de R$ 50 mil em nome de Carlos Eduardo. “Foi premeditado, ele já vinha se preparando”, afirmou Rosângela.

Ela também contou que não foi a primeira vez que o filho presenciou agressões.

“Por mim, ele nunca teria visto. Porém, eu fiquei com medo de tomar uma decisão e, quando tomei, aconteceu isso. Eu não imaginava que seria assim. Ele sempre disse que se mataria se eu o deixasse. Na penúltima vez, chegamos a ver uma corda pendurada e ele disse para o meu filho que ia se matar. Isso não é coisa que se diga para uma criança”, relatou.