Política

Queiroz ‘rachava’ salário de assessores de Flávio Bolsonaro com organização criminosa, suspeita MP

Segundo o MP, os novos registros mostram que Queiroz “movimentou enormes volumes de créditos e saques em espécie

Por Revista Fórum 17/05/2019 09h09
Queiroz ‘rachava’ salário de assessores de Flávio Bolsonaro com organização criminosa, suspeita MP
Segundo o MP, os novos registros mostram que Queiroz “movimentou enormes volumes de créditos e saques em espécie - Foto: Reprodução

Para o Ministério Público do Rio, “as centenas de depósitos e saques em espécie realizados de forma fracionada na mesma conta corrente” de Fabrício Queiroz, ex-assessor e motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), “evidencia” a suspeita de que ele recebia mensalmente parte do salário dos demais assessores, e “distribuía parte do dinheiro a outros integrantes da organização criminosa”, através da prática conhecida no meio político como “rachadinha”.

Queiroz admitiu em manifestação enviada por escrito que arrecadava dinheiro dos demais colegas de gabinete, mas não conseguiu provar até agora a versão de que usava esses recursos para contratar assessores externos por fora, prática proibida pela Alerj. “Não há evidências de que quaisquer pessoas tenham sido remuneradas pelos valores desviados para a conta de Fabrício Queiroz”, afirmam os investigadores.

De acordo com os promotores, Fabrício Queiroz sacou R$ 661 mil em dinheiro durante um período de 18 meses, entre janeiro de 2016 e junho de 2018. Estas movimentações, que constam de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vêm se somar a outros dois documentos conhecidos da investigação envolvendo o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.

No primeiro deles, apareciam movimentações (saques e depósitos) atípicas de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ao longo de 2016. Em outro, apareciam 48 depósitos fracionados de R$ 2 mil na conta do filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) entre junho e julho de 2017.

As movimentações consideradas atípicas – detectadas originalmente pelo sistema de compliance do Banco Itaú, onde Queiroz é correntista – foram anexadas pelos promotores ao pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal de Flávio, do ex-assessor e de outras 93 pessoas e empresas no âmbito do inquérito que investiga o hoje senador por peculato (desvio de dinheiro público por servidor) e lavagem de dinheiro.

Segundo o MP, os novos registros mostram que Queiroz “movimentou enormes volumes de créditos e saques em espécie”. Só em retiradas de dinheiro foram R$ 146,4 mil entre janeiro e abril e de outubro a dezembro de 2016; R$ 324,8 mil entre janeiro e março de 2017; e R$ 190 mil entre novembro de 2017 e junho do ano passado. Nos mesmos períodos, de acordo com o documento, a conta de Queiroz recebeu R$ 628,2 mil em créditos ou depósitos.