Política

"Sem a Frigovale, caos social seria instalado em Arapiraca", afirma diretor executivo

Gestor explica que se contrato com prefeitura for rescindido, empresa terá que encerrar as atividades

Por 7 Segundos 03/04/2019 11h11
'Sem a Frigovale, caos social seria instalado em Arapiraca', afirma diretor executivo
Diretor da Frigovale, Jaelson Gomes, fala na tribuna livre da Câmara - Foto: Cláudio Roberto/Câmara de Arapiraca

O diretor executivo da Frigovale, Jaelson Gomes, falou com o 7Segundos sobre as consequências caso a empresa perca a concessão da prefeitura para fazer o abate de animais em Arapiraca. Segundo ele, se houver a rescisão do contrato, como a empresa está instalada em um terreno público, não restará alternativa a não ser encerrar as atividades e retirar todos os equipamentos do local.

"Se isso acontecer, nós iremos à falência e o caos social seria instalado em Arapiraca. Por isso estamos tentando a todo custo evitar que o município faça a rescisão do contrato", afirmou Jaelson.

De acordo com ele, o fim das atividades da Frigovale representa um grande risco para a saúde pública em Arapiraca e municípios vizinhos, uma vez que toda a carne consumida na região teria origem duvidosa. "Se hoje já temos 80% da carne de Arapiraca abatida clandestinamente, sem condições de higiene, a cota pode fechar caso a Frigovale feche as portas. O risco do consumo da carne se torna desconhecido e tudo que avançamos em oferecer uma carne de qualidade em Arapiraca nos últimos anos vai se perder de uma hora para outra", afirmou.

O fechamento da empresa, que conta com 200 funcionários e que atualmente já passa por dificuldades financeiras devido ao abate clandestino, também trás consequências econômicas para Arapiraca. Jaelson Gomes afirma que a renda de aproximadamente 600 pessoas - contanto os trabalhadores e os empregos indiretos gerados pelo frigorífico - seria afetada. "Além dessas pessoas deixarem de consumir no comércio de Arapiraca, nós também, fazemos questão de comprar os insumos das empresas locais, deixaríamos de consumir. Isso faz com que uma grande quantia de dinheiro deixe de circular na cidade", declarou.

Para tentar evitar o fechamento do frigorífico, Jaelson Gomes afirma que pretende se reunir com marchantes para tentar aparar as arestas e chegar a um consenso. "Nossa intenção é continuar cumprindo nosso papel de entregar uma carne limpa e de continuar cumprindo o contrato firmado com a prefeitura. Mas pretendemos sentar com os marchantes e rever o que está fora dos padrões", destacou. Nos últimos dias, a empresa fechou parceria com a Transcar e conseguiu a redução em 30% no custo do transporte das carcaças até o mercado público de Arapiraca.

Sobre a tribuna livre promovida pela Câmara de Vereadores de Arapiraca, Jaelson Gomes afirma que considerou a discussão muito importante. "Deu a liberdade para que todos expusessem suas opiniões dentro do processo democrático, então foi muito positiva. Deixo claro que, na condição de diretor executivo, tenho todo respeito às decisões tomadas pela Câmara de Vereadores e à prefeitura sobre a Frigovale", declarou.

Em relação à denúncia de que a empresa estaria se apropriando indevidamente de parte da carne abatida, o gestor afirma que, como há uma ação em tramitação na Justiça sobre o assunto, a empresa pretende aguardar a decisão final para adotar as providências necessárias.

Jaelson também deu explicações sobre um documento que foi apresentado durante a tribuna livre de que ele não seria mais diretor executivo da Frigovale. "Esse é um assunto privado, que não precisava ser exposto, mas como isso já aconteceu, preciso explicar que até a existência de uma decisão contrária, continuo atuando como gestor", declarou.

Ele explicou que, dos sete sócios da Frigovale, apenas um deles quer destituí-lo do cargo de diretor executivo. Jaelson Gomes apresentou uma procuração feita pelo sócio e afirmou ainda que obteve uma liminar determinando que permaneça no cargo. "Sei que é algo transitório, mas legalmente continuo no direito de assumir a função", ressaltou.

Apesar de a Frigovale continuar em funcionamento, a empresa já passa por uma crise financeira, que está afetando o pagamento a funcionários. "Estamos tentando resolver todas essas questões. O imbróglio societário está prejudicando até mesmo o pagamento dos 200 trabalhadores e, se não for resolvido, pode afetar também o pagamento aos fornecedores", declarou.

A prefeitura de Arapiraca encaminhou nota para o 7Segundos afirmando que a "briga interna" entre os gestores têm dificultado as negociações entre o município e o frigorífico. Leia abaixo:

NOTA - PREFEITURA DE ARAPIRACA

A Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, pasta que é responsável pela gestão do contrato com a Frigovale, informa que intermediou, por diversas vezes, encontros entre os marchantes e a empresa a fim de resolver de uma vez por todas o impasse entre as partes.

Anteriormente a isso, um acordo chegou a ser feito e homologado pela Justiça para que a empresa cobrasse um valor menor pelo abate e entregasse as vísceras do animal para o marchante. Porém, a Frigovale entrou com um novo processo na Justiça solicitando a anulação do acordo, que foi concedida pelo juiz responsável pelo caso.

Atualmente a empresa enfrenta uma briga interna entre os gestores, que não apresentaram representante legal, o que tem impossibilitado novas negociações.