Política

Bolsonaro sobre vistos: “Alguém tem que estender o braço em 1º lugar”

Nessa segunda-feira (18/3), o governo brasileiro liberou a entrada de americanos no país sem exigência de visto. EUA não fez o mesmo

Por Metropóles 19/03/2019 20h08
Bolsonaro sobre vistos: “Alguém tem que estender o braço em 1º lugar”
Bolsonaro sobre vistos: “Alguém tem que estender o braço em 1º lugar” - Foto: ISAC NÓBREGA/PR

Após visitar o Cemitério Nacional de Arlington, monumento em homenagem aos norte-americanos mortos em guerras, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), conversou com a imprensa brasileira sobre o encontro mantido com Donald Trump e os acordos firmados durante a viagem.

Ele foi questionado especialmente sobre o fato de o Brasil ter liberado, por decreto, o ingresso de cidadãos americanos no país, sem a necessidade de apresentarem visto. Ao adotar a medida, o governo federal abriu mão do princípio de reciprocidade, pelo qual era esperado que a nação beneficiada por atos do tipo tratasse da mesma forma os brasileiros. Os EUA, contudo, continuarão exigindo documento de quem sai do Brasil para entrar no país.

“É difícil ver um americano que vem para o Brasil para ganhar estabilidade. O contrário existe. Há uma diferença. Alguém tem que estender o braço em primeiro lugar. Nesta caso, fomos nós”, declarou o presidente. Ele, contudo, lembrou que Donald Trump, na conversa desta tarde (19/3), afirmou que vai avaliar uma forma de facilitar o acesso dos brasileiros ao território dos EUA.

O presidente pediu desculpas pelo “equívoco” cometido durante entrevistaconcedida na segunda-feira (18) ao canal de TV norte-americano Fox News, quando disse que “a maioria dos imigrantes não tem boas intenções ao vir para os EUA”. Ele também defendeu a ideia de Trump de construir um muro na fronteira do país com o México. “Obviamente foi um equívoco e peço desculpas. Isso ocorre, mas é a menor parte [dos imigrantes com más intenções]”.

Bolsonaro destacou a promessa de Trump avalizar ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É um desejo de muito tempo da classe empresarial brasileira”, disse, afirmando que agora há uma possibilidade real de esse desejo ser atendido.

Em relação ao acordo firmado com os EUA para uso da Base de Alcântara, no Maranhão, Bolsonaro afirmou que o projeto está parado há anos e foi resolvido nesta semana o principal entrave: a questão quilombola. Questionado sobre como se deu essa resolução, ele declarou: “Conversando. Oferecemos emprego aos quilombolas para atuar na base, que, agora, terá a participação dos EUA”.

Insistindo que a conversa com Trump foi reservada, ele não quis revelar das tratativas sobre a crise da Venezuela, embora tenha admitido que esse foi um dos temas da reunião. Segundo Bolsonaro, porém, a conversa foi descontraída. O filho dele, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), teria participado do momento restrito aos dois presidentes a convite de Trump e por ter amizade por um dos cinco filhos do mandatário norte-americano. “Houve momento de descontração. Temos muita coisa em comum, como cinco filhos cada”, exemplificou Bolsonaro. “Também pedi para falar que ele estava jovem. Temos a idade das mulheres que amamos”, concluiu.

Troca de afagos

Mais cedo, em um encontro marcado por demonstrações de amizade entre os dois governos, Bolsonaro resgatou o lema de campanha de Donald Trump para estreitar a relação. “Teremos uma América grande e o Brasil grande também”, disse.

CHRIS KLEPONIS-POOL/GETTY IMAGES

Em 2016, o mote da campanha presidencial de Trump foi “Let’s make America great again”, ou seja, “Vamos fazer a América grande novamente”. A frase de Bolsonaro ecoou outras declarações elogiosas aos norte-americanos e visa aprofundar as parcerias entre os países.

“Brasil e os Estados Unidos estão irmanados no respeito à liberdade, à família tradicional, a Deus, contra a ideologia de gênero, do politicamente correto e contra as fake news”, disse o brasileiro em um dos jardins da Casa Branca, residência oficial do presidente norte-americano.

Pouco antes, Donald Trump defendeu tornar o Brasil um parceiro preferencial dos Estados Unidos, o que, na prática, pode significar maior intercâmbio comercial.

“Bolsonaro, eu vou dizer que vamos trabalhar em todos os nossos problemas e no que temos a oferecer. Tivemos uma excelente reunião. Também tenho a intenção de designar o Brasil como um aliado preferencial. Quem sabe até um aliado dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”, afirmou Donald Trump.

Venezuela 

Em seu discurso, Donald Trump atacou duramente o governo venezuelano de Nicolás Maduro. Segundo o norte-americano, é preciso acabar com o socialismo no continente latino-americano. “Junto com os Estados unidos, o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer [Juan] Guaidó [como presidente da Venezuela]. Presto minha gratidão profunda ao presidente Bolsonaro e ao povo brasileiro em garantia à ajuda humanitária”, disse Trump.