Brasil

Ex-militar que ameaçou Juca Kfouri poderá ter que explicar assassinatos durante regime

Federação dos Jornalistas apóia comentarista e expõe ameaças de tortura e morte

Por Fenaj 22/01/2019 10h10
Ex-militar que ameaçou Juca Kfouri poderá ter que explicar assassinatos durante regime
Kfouri é alvo de ameaças de ex-militar - Foto: Reprodução

A nota oficial da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em apoio ao jornalista Juca Kfouri, um dos comentaristas esportivos mais reconhecidos no país, em decorrência de ameaças feitas pelo ex-militar José Emílio Joly  Júnior, chamou a atenção para declarações feitas sobre mortes ocorridas durante a ditadura no Brasil. De acordo com a entidade, as ameaças supõem a ocorrência de crimes praticados durante o regime militar que permanecem impunes.

Em um trecho, são reproduzidas as ameaças: “Lembre-se que a Ditadura está no poder e os porões serão reabertos para ‘extinguir’ lixos como você, Juca. Cuidado!”; “Como ex-militar, eu adoraria uma missão para executar imbecis iguais a vocês do UOL e outros lixos”; “Acho que o seu nome já está na lista dos famosos helicópteros dos tempos áureos da Ditadura, onde sobrevoavam por mares distantes! Atenção senhores passageiros para voo panorâmico em alto mar, tomem seus assentos, boa viagem e até nunca mais!!!!”; “Juca.nalha. Sou ex-militar (Pelopes – Pelotão de Operações Especiais), e consigo achar qualquer animal, nem que seja no inferno”. 

Segundo a Fenaj, a "saraivada de mensagens com agressões e ameaças" a Juca Kfouri pelo ex-militar começaram depois que o jornalista fez críticas ao governo Bolsonaro, em sua coluna na internet. A entidade, que denunciou a escalada de agressões e ameaças a jornalistas, informou que o Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos do Ministério Público de São Paulo foi acionado e que Joly Júnior irá responder judicialmente sobre o caso.

"As mensagens de Joly Júnior, por seu teor, suscitam ainda outra questão: como se sabe, os crimes de tortura e morte praticadas por agentes da ditadura militar de 1964 permanecem até hoje não apurados, e portanto impunes, e são crimes imprescritíveis, cuja impunidade prossegue como uma chaga aberta. Nos somamos à demanda do jornalista Juca Kfouri para que a Justiça exija de Joly Júnior que explique o que sabe do uso de helicópteros para assassinar opositores e desaparecer com seus corpos durante o regime militar, como forma de avançar no conhecimento público desta página obscura de nossa história".