Saúde

Após 15 anos de funcionamento, HEA cria Comissão de Doação de Órgãos para Transplante

Unidade não contava com equipe até denúncia feita por parentes de jovem que aguarda transplante

Por Patrícia Bastos 15/01/2019 17h05
Após 15 anos de funcionamento, HEA cria Comissão de Doação de Órgãos para Transplante
Ana Karolina foi diagnosticada com grave cardiopatia após dar luz à filha - Foto: Divulgação

Pouco depois de familiares da jovem Ana Karolina Gama de Moraes, 29, primeira na fila de transplante no Estado, fazerem um desabafo nas redes sociais devido a dificuldade de encontrar um coração compatível para a paciente e de denunciar que o Hospital de Emergência do Agreste não contribui para aumentar a quantidade de transplantes feitos em Alagoas, a direção do hospital criou a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.

Conforme a assessoria do hospital, a diretora-geral da unidade, Regiluce Santos, autorizou, na segunda (14) a publicação da portaria que institui a comissão, que é formada pelos médicos Eronildo Cavalcante e Ronaldo Barbosa; enfermeiras Camila Ferro e Andrea de Lima; assistentes sociais Fernanda Moreira e Rodrigo Barbosa e psicóloga Lúcia Vanda.

A informação veio a público apenas depois de uma prima de Ana Karolina, Aliny Gama, denunciar que apesar de o Hospital de Emergência do Agreste ser uma das maiores unidades de atendimento em casos de traumas, desde que foi fundado em 2003, não conta com profissional habilitado para fazer a declaração de morte cerebral. "O que ocorre é que todos os possíveis doadores que dão entrada lá, os órgãos são perdidos - em outras palavras, vidas são perdidas", afirma.

Aliny Gama disse ter entrado em contado com a direção para saber o porquê de a unidade não estar inserida na rede de transplantes do Estado, mas não obteve respostas. Ela citou ainda a informação de que, no último ano, 45.315 pessoas foram atendidas no hospital.

De acordo com ela, cada doador de órgão tem a possibilidade de salvar ou melhorar a qualidade de vida de 20 pessoas que podem receber transplantes de órgãos, tecidos e células e afirma que, se a cada ano apenas um doador de órgãos passou pelo local e não teve a morte cerebral comunicada à rede de transplantes, "perdemos a possibilidade de salvar ou melhorar a qualidade de vida de 300 pessoas nos últimos 15 anos", afirmou.

Segundo a assessoria de comunicação do Hospital de Emergência do Agreste, a criação de uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes é obrigatória para hospitais que possuem mais de 80 leitos, de acordo com o Ministério da Saúde e somente em julho do ano passado, quando a triplicação do hospital foi inaugurada, é que o HEA passou a ter 120 leitos e a atender esse critério. Antes disso, a unidade contava com apenas 40 leitos.

Central de Transplantes

Além de Ana Karoline, atualmente quase 500 pacientes estão na fila de espera de transplantes em Alagoas. Sete deles aguardam um coração, 198 córneas e 252 por um rim. No ano passado, foram realizados um total de 21 transplantes de rins e 79 de córneas.

A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, afirmou que o órgão, junto com a Secretaria Estadual de Saúde e a direção do Hospital de Emergência do Agreste, "está trabalhando para que tudo seja agilizado o mais rápido possível", se referindo à formação da comissão e das condições técnicas para que os procedimentos sejam adotados.

Atualmente, a comissão de doação de órgãos é atuante em apenas quatro hospitais de Alagoas: Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Hospital Arthur Ramos, Hospital Sanatório e Hospital do Coração.