Política

Divergências entre partidos de esquerda fragilizam oposição a Maia

PSB (32 deputados), PDT (28) e PC do B (9) têm reunião marcada para esta quarta-feira (16) para definir como o grupo que construíram para se opor ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai se posicionar na disputa no Legislativo

Por Notícias ao Minuto 15/01/2019 12h12
Divergências entre partidos de esquerda fragilizam oposição a Maia
Rodrigo Maia - Foto: Divulgação | DEM

Divergências entre os três partidos de esquerda que formaram um bloco de oposição do governo podem fragilizar a estratégia de enfrentar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição como presidente da Câmara.

PSB (32 deputados), PDT (28) e PC do B (9) têm reunião marcada para esta quarta-feira (16) para definir como o grupo que construíram para se opor ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai se posicionar na disputa no Legislativo.

Acontece que cada um deles tem apontado para soluções diferentes e incompatíveis. Inicialmente, as três siglas caminhariam junto com Maia, que tenta comandar a Câmara dos Deputados pela terceira vez consecutiva.

No entanto, com o ingresso do PSL (52) na chapa de Maia, no início do ano, as legendas começaram a rediscutir seus posicionamentos.

Na semana passada, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que a adesão do partido de Bolsonaro inviabilizou "completamente" o apoio a Maia.

A solução apontada pela sigla foi juntar os outros dois partidos do bloquinho de oposição a PP (37), MDB (34), PT (56) e PTB (10) e lançar várias candidaturas para forçar que a disputa caminhe para o segundo turno.

Destas siglas já estão lançados os nomes de JHC (PSB-AL), Arthur Lira (PP-AL), Ricardo Barros (PP-PR), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Alceu Moreira (MDB-RS).

Mas o abalo ao favoritismo de Maia começou a dar sinais de reversão menos de 48 horas depois. Em reunião realizada no fim de semana, o PDT indicou apoio ao deputado do DEM.

O PC do B se reúne na manhã desta terça-feira (15), em Brasília, para definir que rumo seguirá. O líder da legenda na Câmara, Orlando Silva (SP), amigo de Maia, já descarta a ideia do PSB de lançar múltiplas candidaturas.

"Esta ideia é natimorta. Quem tem muitas candidaturas não tem nenhuma. Tem que construir outro caminho. Não existe corpo sem cabeça, é uma equação que não tem ponto de chegada", afirmou Silva à reportagem.

O PT, que foi excluído do bloquinho de oposição, mas pode integrar o bloco aumentado, ainda não chegou a uma decisão final. O partido se reuniu nesta segunda em Brasília.

Segundo lideranças da bancada, o martelo só deve ser batido no dia 31 de janeiro, véspera do pleito. "Com o PSL nós não iremos", afirmou a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), eleita em outubro deputada federal.

"Nós hoje reafirmamos a mesma estratégia que vem sendo o norte da ação da nossa bancada, nossa prioridade continua sendo a construção de um bloco com os partidos de um campo democrático popular", disse o líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS).

Segundo ele, os diálogos avançam bem com PSB e PSOL, que teriam se mostrado irredutíveis na posição de não apoiar um bloco composto pelo PSL. O PT também tem expectativa de composição com PDT e PC do B.

"Esperamos que o PDT e o PC do B não fiquem com o PSL, nós achamos que é muito importante sinalizar para a sociedade brasileira que existe aqui na Casa um bloco que é a favor da democracia, da nossa soberania, e que o lugar do PDT e do PC do B é junto conosco", afirmou.

Pimenta não descartou apoio a nenhum dos outros candidatos, deixando a porta aberta para um possível acordo com candidaturas fora do campo da esquerda, como um do PP ou do MDB.

O PT tem dificuldade em chegar a um consenso. Enquanto o grupo mais ideológico quer manter o discurso de oposição e é refratário à possibilidade de uma composição com Maia, a ala mais pragmática do partido defende aliança com quem tiver mais chances de vencer.

Este segundo grupo teme repetir o que aconteceu em 2015, quando o partido lançou Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara e ele perdeu para Eduardo Cunha (MDB-RJ), que fustigou o governo de Dilma Rousseff até chegar ao impeachment da então presidente.

Agora que o PT não é governo, o receio é ficar sem posições de destaque na Câmara e acabar apagado como oposição.