Ressocialização

Funcionários da Reviver comem comida estragada e são ameaçados de demissão no Presídio do Agreste

Seris afirma que não tem conhecimento da situação

Por Patrícia Bastos 10/01/2019 17h05
Funcionários da Reviver comem comida estragada e são ameaçados de demissão no Presídio do Agreste
Presídio do Agreste - Foto: Reprodução

Funcionários da empresa Reviver, que gerencia o Presídio do Agreste, no município de Girau do Ponciano, procuraram o 7Segundos para denunciar as péssimas condições de trabalho a que são submetidos. 

Trabalhadores que conversaram com a reportagem sob a condição de anonimato, afirmam ser alvo frequente de assédio moral para que as situações que acontecem dentro da unidade prisional não venham a público. "Só continuamos trabalhando lá porque realmente precisamos do salário, mas a insatisfação é geral. 153 processos foram ajuizados por funcionários na Justiça do Trabalho, mas não foram adiante porque, durante a fiscalização, a gerência fica em cima e somos obrigados a dizer que está tudo certo, mas é mentira", declarou.

Segundo ele, os funcionários da Reviver, que estão há dois anos sem reajuste salarial, colocam a vida em risco cumprindo atribuições que deveriam ser de agentes penitenciários, como a escolta externa de funcionários. A alimentação é outro problema grave. As refeições para os trabalhadores é diferente da dos reeducandos, mas muitas vezes a qualidade é pior. 

"Para os presos, a nutricionista pode mandar a comida de volta se não estiver boa, mas para a gente às vezes a comida vem estragada e somos obrigados a comer mesmo assim. E ninguém pode reclamar que é ameaçado de demissão por justa causa", disse o denunciante.

As ameaças de demissão, de acordo com ele, são constantes. Os trabalhadores da Reviver seriam tratados a gritos e as perseguições são constantes. "Não sabemos mais a quem recorrer para denunciar esse assédio moral, porque qualquer durante qualquer fiscalização que é feita no presídio, nós somos coagidos a mentir por carrascos camuflados de gerentes", declarou.

Por meio da assessoria de comunicação, a Seris respondeu às denúncias apenas declarando que desconhecer as situações ocorridas dentro do Presídio do Agreste, conforme nota enviada para a reportagem:

"A Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social informa não ter conhecimento das denúncias. O órgão Ressocializador reitera ainda que críticas e sugestões podem ser feitas por meio da Ouvidoria através do número (82) 3315-1097, ramal 2002."