Cultura

Consciência Negra: conheça a história desta data que se originou em Alagoas

Por 7Segundos, com G1 20/11/2018 08h08
Consciência Negra: conheça a história desta data que se originou em Alagoas
Zumbi e Dandara dos Palmares - Foto: Ilustração

Nesta terça-feira (20), o Brasil inteiro celebra o dia da Consciência Negra, um momento utilizado para relembrar a importância histórica e cultural do povo negro no país. Além disso, a data faz um alerta sobre a importância em conscientizar a população sobre o racismo e o preconceito que continua evidente mesmo após os 130 anos da abolição da escravatura.

O feriado foi estabelecido pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, situado na região que hoje é a cidade de União dos Palmares.

Zumbi representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Outro ícone do povo negro foi Dandara, mulher de Zumbi, conhecida também pela liderança no quilombo e por desafiar o machismo antes mesmo que este conceito fosse popular.

 

Consciência Negra hoje

Uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que somente 22% de negros são graduados no Brasil. O Censo do Ensino Superior elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) também evidencia o aumento do número de matrículas de estudantes negros em cursos de graduação. Em 2011, do total de 8 milhões de matrículas, 11% foram feitas por alunos pretos ou pardos. Em 2016, ano do último censo, o percentual de negros matriculados subiu para 30%.

Para a professora doutora em antropologia da Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Christiane Mota, casos de racismo não acontecem somente na universidade, mas também em ambientes profissionais. Ela ressalta a questão do racismo institucional que se expressa quando os temas de raça, gênero e religião são considerados exóticos e questionados sobre a relevância.

"Precisamos reforçar que tais temas são relevantes para a comunidade científica e para a sociedade como um todo. Vivemos um momento de retrocesso e de possibilidade de perda dos direitos conquistados. O Dia da Consciência Negra é muito mais que um dia para comemorações ou feriado, significa um momento para debates e reflexões, assim como de luta e resistência contra o racismo que não deixou de existir ou de se manifestar cotidianamente. Na verdade, as formas de racismo somente modernizaram-se", explicou a professora.

Já para a modelo internacional maranhense, Amira Pinheiro, o Dia da Consciência Negra é uma data que tem muito a atribuir as novas gerações sobre os valores dos negros. “Acho muito importante poder relembrar uma data histórica tão enfática na representatividade da raça negra no Brasil, que deve ser propagada diariamente para que possamos ensinar às novas gerações os valores adquiridos pelo povo negro em tantos anos de luta em que nossos ancestrais colaboraram para a construção e evolução econômica, social e histórica da nossa sociedade perante a desigualdade dos direitos humanos”, relatou.