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Sobe para 67 o número de ônibus incendiados em Minas Gerais

Em seis dias, ao menos 38 cidades registraram ataques criminosos

Por Uol Notícias 08/06/2018 13h01
Sobe para 67 o número de ônibus incendiados em Minas Gerais
Sobe para 67 o número de ônibus incendiados em Minas Gerais - Foto: Reprodução

Mais dois ônibus e outros quatro veículos foram incendiados entre a noite de quinta-feira (7) e a madrugada desta sexta (8) em Minas Gerais. Com os novos registros, subiu para 67 o número de coletivos atacados em 38 cidades do estado.

Os novos alvos foram um caminhão, em Frutal, dois tratores, em Tupaciguara, e três ônibus nas cidades de Itanhandu, Passa Quatro e Belo Horizonte.

Minas vive uma onda de ataques há quase uma semana. Além de ônibus, os criminosos promoveram vandalismo em delegacias, agências bancárias e dos correios, câmara municipal e veículos de agentes penitenciários. Não há informações de feridos.

Segundo o governador Fernando Pimentel (PT), as depredações partiram de uma facção criminosa que atua em todo o país. A polícia já prendeu 58 suspeitos de ligação com os crimes, e apreendeu outros 20 menores de idade.

Em Uberaba, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta uma operação para desarticular os ataques no estado que, segundo a PF, estão sendo realizados a mando da facção paulista PCC.

A operação, batizada de Weber, busca cumprir oito mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão na cidade.

As investigações apontaram que os suspeitos presos nesta sexta são integrantes do PCC e participaram dos ataques registrados em Uberaba. Todos os suspeitos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa, dano qualificado e incêndio. As penas podem chegar a 13 anos de prisão.

O nome da operação é uma alusão ao sociólogo Max Weber, que em um ensaio sobre a definição de estado atribuiu-lhe o monopólio do exercício da força, ou seja, o estado tem o direito de recorrer à força sempre que isso for necessário.

PRESÍDIOS

Especialistas consultados pela Folha indicam a superlotação dos presídios mineiros como um sinal de que os ataques podem ser uma reivindicação de melhorias. A população carcerária do estado é de 71.433 presos, segundo a secretaria que faz a gestão do sistema prisional. Porém, o número de vagas nas 200 unidades prisionais do estado é de 35.886.

O secretário de Segurança Pública, Sérgio Menezes, admitiu que faltam vagas e que é preciso equacionar o problema, mas afirmou que Minas ainda é referência no país.

Ele mencionou o uso de bloqueador de celular em uma das 200 penitenciárias do estado como exemplo de insatisfação de membros da facção criminosa.

Menezes afirmou que uma ligação dos ataques com crimes no Rio Grande do Norte também está sendo estudada, mas que a rede envolve outros estados. O coronel Helbert diz que o estado de São Paulo está sendo envolvido na investigação, por exemplo.

"É uma ligação do sistema prisional que há ligação com outros estados, não especificamente o Rio Grande do Norte", disse o secretário. No sábado (2), um ônibus foi queimado em Natal e um policial militar foi assassinado em Parnamirim (RN).

No domingo (3), um ônibus foi parcialmente queimado em São Gonçalo do Amarante (RN). As investigações sobre os casos estão em curso no estado.

REFORÇO

A investigação em Minas está sob sigilo envolve uma força-tarefa de inteligência entre as polícias, incluindo a Polícia Federal.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas informou que equipes da Polícia Civil trabalham para esclarecer a onda de ataques, e que o policiamento foi reforçado em cidades que já registraram ataques.

Policiais militares também estão à paisana em ônibus e pontos de parada do transporte coletivo para conter ações e identificar suspeitos.