Cultura

Nobel de Literatura de 2019 também pode ser cancelado

Presidente da Fundação Nobel também sugeriu que todos os dez membros restantes na Academia Sueca devem renunciar aos seus cargos

Por Notícias ao Minuto 26/05/2018 18h06
Nobel de Literatura de 2019 também pode ser cancelado
Crise se deu após série de denúncias de assédio sexual e suspeitas de corrupção - Foto: Reuters

O Prêmio Nobel de Literatura, que já havia sido cancelado este ano após uma série de denúncias de assédio sexual e suspeitas de corrupção, pode não ser concedido nem em 2019, como havia sido anunciado.

Depois da crise na Academia Sueca, que resultou na saída de diversos membros, a instituição havia afirmado que no ano que vem seriam concedidos dois troféus, referentes a 2018 e 2019. A Academia Sueca é a instituição responsável por conceder a cada ano o Nobel de Literatura.

Agora, Lars Heikensten, presidente da Fundação Nobel, que administra os fundos para todos os troféus do prêmio, disse à rádio sueca Sveriges que tampouco está garantida a entrega da honraria no ano que vem.

"O Nobel vai ser concedido quando a Academia Sueca recuperar a confiança do público, o que quer dizer que 2019 não é um deadline", afirmou.

Heikensten também sugeriu que todos os dez membros restantes na Academia devem renunciar aos seus cargos. "Acho que todos eles precisam pensar se são bons para a Academia Sueca e para o Nobel e se serão bons para a academia no futuro. Ou se não é melhor sair fora", afirmou.

A fundação presidida por ele cuida do dinheiro para os troféus de química, física, economia, entre outros. Mas o testamento de Alfred Nobel (1833-1896), criador do prêmio, aponta a Academia Sueca como responsável pela honraria de literatura.

Heikensten afirmou, contudo, que se os acadêmicos não conseguirem resolver seus problemas, a fundação pode apontar outra instituição para ser responsável pelo prêmio daqui em diante."Há muitas instituições dispostas", disse.

ENTENDA O CASO

O prêmio deste ano foi cancelado após denúncias de assédio e abuso feitas por 18 mulheres em um jornal sueco contra Jean-Claude Arnault, alguém com 30 anos de relações afáveis com a academia. Ele é marido de Katarina Frostenson, integrante da instituição.

Uma delas disse que o denunciou à instituição sueca e não deu em nada.

Arnault, que nega tudo, foi acusado ainda de vazar nomes dos vencedores do Nobel de Literatura -e possivelmente ganhar dinheiro com isso. Ele e a mulher gerem um centro cultural que recebia dinheiro da Academia Sueca, sob o qual há suspeitas de corrupção.

A tentativa fracassada por parte dos membros de expulsar Frostenson resultou na saída de diversos deles -entre os quais Sara Danius, primeira mulher à frente da instituição.

O resultado foi que a academia ficou sem quórum para tomar decisões e não era possível, pelos seus estatutos, eleger novos membros. As regras da instituição, já alteradas, não previam a saída de acadêmicos, porque o posto é vitalício -quando um se afastava, sua cadeira ficava vaga até sua morte.