Polícia

Desgastado, Movimento Unificado dos Militares convoca Assembleia

Por 7Segundos 21/05/2018 12h12
Desgastado, Movimento Unificado dos Militares convoca Assembleia
Militares devem se reunir em Assembleia na próxima quarta-feira (23) - Foto: PMAL

O Movimento Unificado dos Militares parece ter sofrido um racha no último final de semana. Reivindicando melhores salários e condições de trabalho a PM havia anunciado mobilização, mas divergências internas têm surgido dentro do Movimentos e uma capitã da PM de Arapiraca se pronunciou em um grupo de Whatsapp dizendo se sentir ameaçada e usada como massa de manobra. Outros integrantes da PM e do Corpo de Bombeiros se pronunciaram sobre o fato e na manhã dessa segunda- feira (21) uma nota foi enviada à imprensa comunicando sobre uma Assembleia no próximo dia 23.

A Força Tarefa, também chamada de Amarelinha, está no centro das discussões em razão de sua característica combatente. Alguns militares entendem que o aquartelamento dos integrantes da Força Tarefa é fundamental para dar corpo ao Movimento, enquanto outros defendem sua ação ofensiva no combate à criminalidade e, portanto, a importância da não suspensão desse serviço.

Na convocação, o Movimento Unificado dos Militares convida a tropa para uma Assembleia Geral que deverá ser realizada no dia 23, às 14h, na sede da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas (Assomal). O objetivo seria deliberar a proposta do Governo sobre as perspectivas da comissão negociadora de evolução e ganhos obtidos pelo movimento.

Fim de semana
No fim de semana uma capitã lotada em Arapiraca teria se manifestado em uma rede social sobre o andamento das negociações entra a categoria e o Governo. No texto ela agradece alguns colegas e nega seu apoio político a outros colegas de farda que devem se candidatar para o próximo escrutínio.

O texto provocou a indignação de alguns colegas que acabaram se pronunciando lamentando a postura da capitã e chamando de mentirosas algumas das declarações dela. Leia na íntegra texto da capitã Firmo, do tenente coronel Burity, do Coronel J. Cláudio. Entre os vazamentos, um áudio (fim da matéria) também do tenente coronel Burity que explica seu posicionamento dentro das negociações com o Governo.

Texto da Capitã Firmo:

Senhores, aprendi com meus pais que devo sempre falar a verdade e fazer o que é correto. Eu percebi que não haveria mais negociação pois fui informada que "a corda esticou" e que a partir dali as associações iriam se retirar das negociações e aí tudo mais... se decidissem "radicalizar" seria por conta e risco de cada um da tropa. Eles deixaram claro que haveria caça às bruxas. Como todos sabem fui participada pelo meu comandante imediato por ser leal ao movimento unificado e este documento vai ser encaminhado para a Corregedoria para ser aberto IPM. Vão cozinhar em banho maria até acalmar nossos ânimos e depois vão botar pra frente. Estou saindo dos grupos de whats app de operação padrão pois estou aborrecida e me senti ameaçada de não ter mais o apoio das associações (se é que algum dia me deram) caso seja necessário e os únicos que me ofereceram esse suporte indepedente das minhas escolhas entendi que foram cel Adilson Bispo, Abdi, Simas e Acinval, além da tropa. Me aborrece muito saber que fomos usados como massa de manobra, saber que mereciamos mais, que esse percentual poderia ser dado em única parcela e saber da minha insignificância e impotência nesta situação, me deixaram de mãos atadas. Pois entre os oficiais fui voto vencido e alguns me chamaram de irresponsável, indisciplinada, besta e louca por ter feito tudo em prol do coletivo e atendendo fielmente às orientações das Associações. Infelizmente fazendo as ações de legalidade aborreci meus comandantes imediatos por causa da mobilização e sei que a mobilização passa mas não sei se a amizade e o carinho que tinhamos acabou. E nossos presidentes aparentemente estão satisfeitos e não sofreram nada em prol do coletivo, nenhum arranhão, apenas decidiram parar de negociar. Inclusive quero tornar público que não voto no Sgt Marcos Ramalho como forma de repúdio a isto e tenho meus motivos. Além disto caso hajam punições pra quem seguiu as ações de legalidade e adotou medidas pelo movimento esclareço que cabe ação judicial contra as associações, quem quiser estou com o panfleto que eles distribuíram na Assembléia. No meu caso como sou sócia da Assomal além de me defender se for necessário irei processar pedindo reparação de danos se for punida ou sofrer qualquer tipo de retaliação e aí, com todo o respeito pois tem superiores meus à frente... é com eles e o carrinho do pão. Acredito tbm na Justiça Divina pois nenhuma injustiça passa aos olhos de Deus impune. Passou-se o tempo da bitola nos olhos e mordaça da boca, me desculpem meu desabafo mas se não fizesse e falasse o que realmente penso, eu adoeceria de tão angustiada que estava. Me entristeceu perceber o silêncio dos oficiais em momentos importantes. Contem comigo na assembléia e qq coisa podem ligar. Tenho minha consciência limpa pois sei que não me vendi, não tinha outro interesse além da conquista da nossa reposição salarial, dei minha contribuição até onde nossos presidentes aceitaram (e deixaram claro que não precisavam mais de mim posto que atrapalharia aos interesses deles em aprovar a proposta apresentada com este parcelamento) e honrei e honro a confiaça que a tropa depositou em mim. Parabenizo a todos que como eu lutaram pela nossa valorização e sei que isto custou caro no bolso de cada um. Voltem a tirar serviço de Força Tarefa mesmo, fico feliz por terem voltado quando eu pedi pois a sociedade merece segurança e o sentimento que tenho hoje é de que nunca deveríamos ter parado pois o corpo demonstrou força e união e a cabeça só quis reunião e mais reunião e estudos e mais estudos e assembléia com sugestões que já sabiam que seriam negadas tudo isto esgotou e cansou todos nós. Não deixem ninguém dizer que a culpa foi da tropa pois estávamos dispostos a continuar até 2019. Foi mentira que o interior tinha voltado pois antes da reunião que fizeram aqui só tinham 4 requerimentos, adesão foi mínima no 3bpm e as demais unidades estavam paradas sem tirar ft. Desejo um bom fim de semana a todos e fiquem na paz do senhor Jesus. Vou cuidar dos meus filhos pois um deles é um autista lindo que sofreu com minha ausência nesses dias de luta

Texto do Tenente Coronel Burity

Eu não iria me pronunciar, mas a pedidos vou escrever minha opinião.

Foram diversas viagens para o interior, foram reuniões diversas nos finais de semana, durante a semana cansei de chegar às 22 HS e quando pensava em descansar um pouco no outro dia, lá vinham reuniões com a Secretaria de Segurança.

Sabem, estava em minha zona de conforto, comandando uma tropa exemplar e nem empréstimo eu tenho. Poderia estar atrás do muro e ganharia o aumento do mesmo jeito só gritando nos grupos de ZAP.

Preferi colocar a cara! Não sou de me esconder, mas entrar nisso para depois jogar pra galera não é de minha índole! Sou Comandante, tento no meu dia a dia me comportar com liderança e não como chefia, mas repito, jogar pra galera não é certo.

O texto foi injusto e fiquei muito triste! Ainda fui citado como se fosse um monte de côco a venda! Não sou, nunca fui e nunca serei! Estive a frente juntamente com meus companheiros atrás do melhor e do possível! 

É muito fácil agora ficar peidando em farofa e dizer que a sujeira foi feita pelas associações! Não foi bem assim! Não tá correto jogar para a galera!

O pessoal da reserva que tanto defendemos não pode ter ingratidão também! É muito fácil gritar "não" e "aquartelamento" sem estar de fato colocando em risco a carreira. Quem responde administrativamente e judicialmente são os da ativa! Não é justo criticar por criticar sem saber oq aconteceu. A corda esticou sim, e como falei, temos que ter a responsabilidade de falar a verdade e iludir com esperanças falsas não é papel decente! Jogar pra galera é muito fácil!

Outra coisa, não vai ter assembleia? Vamos lá decidir e ver quem vai realmente produzir algo se decidirem por continuar. Aqui no grupo conheço um monte que está nos atacando, mas que não produziram nada durante o movimento. Esses dessa vez vou fazer questão de colocar na liderança dos próximos passos! Liderança física e não virtual de papinho de ZAP.

Vamos ser racionais pessoal! Aqui não temos inimigos! ESTAMOS todos no mesmo barco.

Outra coisa, não sou de fazer "furico" doce para ninguém e deixo claro que não vou sair de grupo nenhum. Vou continuar em todos porque tenho história e posso falar sem medo. 

Já fui preso duas vezes por reivindicar melhorias. Duas vezes preso! Aí vejo um monte de abobrinhas por parte de gente que só em ver uma caneta já se borra do nada!

Continuo nos grupos sim! Entro pela porta da frente e só saio pela porta da frente!

Se entrei nessa porque quis, vou ficar até o final defendendo cada um dos presidentes que lutaram decentemente, corretamente, corajosamente e ainda são obrigados a ouvir injustiças e atitudes de ingratidão!

Enfim, a minha resposta é uma só: tristeza!

E a minha afirmação é uma só: JAMAIS SE ACOVARDAR E MUITO MENOS JOGAR PRA GALERA SÓ POR JOGAR. 

TC BM BURITY

 Texto do Coronel J; Cláudio

Senhores! 

Estou surpreso com as palavras da Cap Firmo no texto publicado hoje.

Confesso que me surpreendeu a postura adotada pela oficiala, durante o movimento unificado. Ela se revelou uma liderança em uma região que ainda é conhecida pelo compromisso da palavra. Onde a palavra dada vale tanto quanto um contrato assinado e registrado. Não que as outras regiões do Estado sejam diferentes, mas cito as regiões do agreste e sertão porque tive a honra de conviver com esse povo, aproximadamente,  um ano, quando estive à frente do 3º Batalhão da PMAL, sediado em Arapiraca. Todavia a postagem nos grupos de whatsapp hoje,  tendo como autora a Cap Firmo,  não só desconstrói essa tradição, mas, ainda, pratica uma tramenda injustiça com as associações.

Só para esclarecer o fato, na quinta-feira (17) estivemos todas as associações na cidade de Arapiraca onde reunimos na sede do 3º BPM, com os oficiais, e na sede da Associação de Cabos e Soldados da cidade, com oficiais e praças para informar  qual a avaliação técnica que tínhamos do movimento e sobre a proposta do governo.
Ao final, dissemos que, em conversa com os comandos das corporações e o secretário de segurança pública, que também é Coronel da PMAL, tinha ficado acertado que não haveria caça às bruxas . Todavia se tivesse qualquer abertura de procedimento ou processo, por conta do momento, nós das associações, juntos, estaríamos ao lado do militar, especificamente da Cap Firmo,  para dar suporte e resolver o problema seja na esfera  administrativa  ou judicial.

Dissemos ainda, que o nosso movimento em nenhum momento teve cunho político partidário. Isto é fato! 

Que há uma necessidade de uma represetatividade política das categorias, mas que ao iniciar do movimento, tínhamos parado este tipo de ação, para resolver o problema salarial  e que somente iríamos retomar a questão da representatividade política, depois de resolvermos a reivindicação salarial, que para nós, é primordial. 

Ocorre que para surpresa de todos, e minha em particular, neste sábado (19), foi postado uma mensagem, tendo como autora a Cap Firmo, cheia de rancores e mentiras, desconstruindo tudo que foi dito nas reuniões citadas e na presença de várias testemunhas.  Atitude que é lamentável e destoa da tradição do povo do agreste e sertão, no que se refere ao valor dá palavra firmada.

Os companheiros do 3º, 10º e 7º BPM que estavam presentes podem confirmar o que digo.   

Quero dizer a Cap que ela pode e deve votar, nas próximas eleições, em quem ela quiser e achar conveniente, pois vivemos em um País democrático. O projeto de ter um representante no parlamento Estatal é instituicional e de quem tem compromisso com a sobrevivência dos militares nos moldes atuais. Pois todos sabem da importância de nos unirmos e termos um candidato único, que defenda e lute pelos direitos dos Militares. 

Não quero acreditar que esta postura adotada pela Cap Firmo, tenha sido infuenciada por alguém, mas é sabido por todos, que existem pessoas que querem  enfraquecer o projeto e até mesmo atender interesses individuais. 
Infelizmente, pelo enredo da postagem é exatamente o que deixa transparecer. 

Estamos aqui para lutar pela tropa. Nosso objetivo nunca foi diferente disso. Nossa consciência nos orienta a se posicionar e dizer o que a tropa precisa ouvir e não o que ela quer ouvir. Como líderes temos a responsabilidade de buscar o melhor e no momento oportuno. Esta é a razão que me levou a me posicionar a favor da aceitação da proposta do governo. 

Destarte, que Deus ilumine a nossa tropa para discernir os pregadores da discórdia!

Att. Cel J. Cláudio!

Ouça abaixo o áudio do Tenente Coronel Burity sobre sua postura nas negociações com o Governo:

 

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