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Ao menos 80 são mortos em violência intercomunitária na Nigéria

Por IstoÉ 25/01/2018 10h10
Ao menos 80 são mortos em violência intercomunitária na Nigéria
Campo de refugiados para atender pessoas que fugiram do Boko Haram na Nigéria - Foto: Ashley Gilbertson/The New York Times

Oitenta pessoas morreram no estado de Benue, no centro da Nigéria, desde 31 de dezembro em confrontos entre agricultores e criadores de animais, indicou nesta terça-feira um porta-voz dos serviços de emergência.

A violência entre os criadores de animais, em sua maioria muçulmanos, e agricultores cristãos se intensificou após o Ano Novo, em particular devido a uma nova lei que proíbe que os pastores nômades se desloquem no interior do estado.

Também foram registrados ataques em outros estados nigerianos, dividindo seus habitantes com base em religiões e grupos étnicos e deixando claro que o governo federal não pode impedir a violência.

“Oitenta é o número que podemos mencionar por enquanto. Os ataques não param”, disse Emmanuel Shior, secretário executivo dos serviços de emergência de Benue (SEMA).

De acordo com Shior, os ataques provocaram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas nas regiões de Guma e Logo. Essas pessoas estão agora em quatro campos de refugiados.

“Agora, o número (de pessoas deslocadas) é de 80.000, porque os assassinatos continuam e algumas pessoas de outros estados estão correndo para Benue”, acrescentou. “Nós suspeitamos que essas pessoas estão reagindo contra a proibição de pastoreio de gado aplicada pelo governador do estado”.

Esta medida busca encorajar os pastores, que pertencem ao grupo étnico fulani, a abandonar a vida nômade e se instalar em fazendas. Isso, em teoria, deve evitar conflitos sangrentos com os agricultores.

Esses confrontos fazem parte dos conflitos agrários, exacerbados pelas tensões religiosas e étnicas, que causaram milhares de mortes nas últimas décadas no país.

O centro de estudos International Crisis Group havia alertado em setembro que os conflitos agrários estão se tornando “potencialmente tão perigosos quanto a insurreição do Boko Haram no nordeste” da Nigéria.