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Mais de 50 mil vagas de emprego devem ser criadas nos setores de varejos e serviço

Ainda assim, 82% dos empresários não precisarão reforçar o quadro de funcionários para o fim de ano, incluindo temporários e efetivos

Por 7 Segundos Arapiraca com Assessoria 04/10/2017 10h10
Mais de 50 mil vagas de emprego devem ser criadas nos setores de varejos e serviço
38% dos empresários aposta que as vendas de final de ano serão melhores que no ano passado  - Foto: Aldair Dantas

Com a economia se recuperando de forma lenta e gradual, a época do final de ano ainda não deve ser totalmente positiva quando se trata das expectativas de contrações para o último trimestre nos setores do comércio varejista e de serviços. De acordo com um levantamento feito em todo o país pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), oito em cada dez (82%) empresários não contrataram e nem pretendem contratar trabalhadores para este fim de ano, incluindo os temporários e efetivos. Levando em consideração o setor do varejo e serviços, cerca de 51 mil vagas extras deverão ser criadas para o final do ano.

Entre os empresários que não contrataram e não pretendem contratar novos funcionários, 49% acreditam que a atual equipe conseguirá atender o volume de clientes e não veem necessidade de contratação, seguido pela crença de que o movimento no final do ano não irá aumentar (18%). Para suprir o aumento natural da demanda do final do ano sem novas contratações, 48% acreditam que não precisarão mudar nada na forma de trabalho, uma vez que não haverá aumento significativo da demanda.

Apenas 13% dos empresários consultados manifestaram a intenção de reforçar o quadro de funcionários e, entre eles, 74% pretendem contratar de 1 a 5 funcionários, independentemente de ser efetivo ou temporário – outros 19% desses empresários ainda não sabem quantos funcionário pretendem contratar. A principal motivação entre os que contrataram ou tem contratações previstas é suprir o aumento da demanda no final do ano (75%). Quatro em cada dez desses empresários (40%) afirmam que os contratados serão formalizados pela própria empresa, porém 35% afirmam que serão informais e 13% terceirizados. Entre os que contratarão funcionários sem carteira assinada (36%), a principal justificativa é viabilizar a solução de uma necessidade específica para o Natal (39%) dado que o alto custo da carteira registrada poderia atrapalhar as contratações.

Dentre os empresários que necessitam de mão de obra adicional, 54% disseram que farão ou fizeram contratações temporárias e, desses, 56% não têm intenção de efetivar nenhum após o período de fim de ano e 28% pretendem contratar de 1 a 5 colaboradores. Quando comparado a 2016, 22% dos empresários que terão mais mão de obra acreditam que a contratação de funcionários para o final de 2017 será menor, 18% maior e 48% igual. Uma das justificativas para o número menor ou igual de contratações é o não aumento significativo do movimento de clientes no final deste ano (35%).

“O último trimestre do ano traz sempre grandes expectativas para o comércio e o setor de serviços, que costumam ampliar estoques e fazer investimentos para atender a demanda normalmente aquecida das festas do Natal e réveillon. Neste ano, porém, a crise econômica deverá novamente inibir o volume das tradicionais contratações de mão de obra temporária e também de trabalhadores efetivos”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

38% dos empresários aposta que as vendas de final de ano serão melhores que no ano passado 

Se o número de contratações para o final do ano tende a ser baixo, por outro lado a expectativa é que o volume de vendas deve ter um incremento de 1%, na visão dos empresários. Ainda que não seja um percentual alto, é expressivo na comparação com 2016, quando essa expectativa era pessimista e os lojistas aguardavam uma queda de 4,6%.

“O estudo revela que a tímida melhora do cenário econômico, promovida sobretudo pela queda da inflação, das taxas de juros e pela tímida melhora nos níveis de desemprego, parece em alguma medida ter injetado boas expectativas nos empresários brasileiros”, afirma o presidente. A maioria dos empresários (71%) aposta que as vendas das festas de final de ano serão iguais ou melhores do que as do ano passado. A expectativa de melhora das vendas para o final deste ano apresentou crescimento significativo quando comparado a 2016: de 23% para 38%, um aumento de 15 pontos percentuais. Além disso, é a primeira vez nos últimos dois anos em que a expectativa positiva (38%) supera a neutra (34%) e negativa (21%).

Os principais motivos alegados pelos empresários para as expectativas de vendas em 2017 serem melhores que 2016 são as vendas acima do esperado em outras datas comemorativas de 2017 (20%) e as mudanças na política e no cenário econômico (19%). Por outro lado, as mesmas mudanças na política e no cenário econômico (33%) e o desemprego (29%) são também as principais justificativas dos empresários que estão pessimistas com as vendas neste final de ano.

Mulheres e jovens são os preferidos entre quem vai contratar

O levantamento do SPC Brasil e da CNDL também identificou um perfil das contratações de final de ano:

• 45% dos empresários pretendem contratar pessoas do sexo feminino e 31% se mostraram indiferentes;

• 55% pretendem contratar pessoas com até 34 anos;

• 40% buscam contratar pessoas com ensino médio completo;

• 44% solicitam que os candidatos tenham experiência anterior na área que serão contratados e outros 44% não fazem nenhuma exigência de competência ou cursos;

• Os profissionais mais procurados são vendedores (35%), ajudantes (vendas, repositor, serviços gerais, etc) (16%) e balconistas (10%).

De acordo com os empresários, estes trabalhadores serão contratados, em média, por um período de 3,5 meses, com um salário mínimo e meio mensal (cerca de R$1.400) e com carga horária entre 7 e 8 horas diárias. Cerca de 19% dos empresários consultados já contrataram em agosto e setembro, 31% contratarão em outubro e 21% em novembro.

Para a especialista, o clima de otimismo moderado de parte do empresariado é justificável dado que o país ainda esboça sinais incipientes de recuperação. “Um dos piores efeitos da crise é a retração do consumo, em virtude do desemprego e da queda do poder de compra. Com o consumidor temeroso de gastar, o empresariado não tem perspectiva de vender mais e não vê necessidade em contratar mais pessoas e fazer investimentos”, afirma Kawauti.

Apenas 27% das empresas farão investimentos para fim do ano

Reflexo da baixa expectativa para as vendas, a realização de investimentos para o final do ano também é afetada. Em 2017, apenas 27% dos empresários dos setores de comércio e serviços pretendem investir no seu negócio para o período do Natal, ainda assim percentual acima do observado no ano passado (22%).

As estratégias de investimento mais adotadas para fazer frente às demandas do Natal e do Réveillon serão a ampliação do estoque (52%), o aumento na variedade de produtos e serviços (33%) e na comunicação e divulgação da empresa (22%). A principal justifica para quem não irá investir (70%) é não ver necessidade diante da baixa perspectiva de que a demanda aumentará (51%).