Religião

Babalorixá é vítima de intolerância religiosa em loja de produtos cristãos

Por 7 Segundos 02/12/2016 12h12
Babalorixá é vítima de intolerância religiosa em loja de produtos cristãos

Uma simples compra de uma imagem sacra para presentear uma ex-professora acabou em caso de polícia. O babalorixá Wellington Galdino da Rocha, 22 anos, foi vítima de intolerância religiosa ao tentar adquirir um item religioso em uma loja de produtos cristãos, em Arapiraca. Ele prestou queixa na delegacia contra a proprietária do estabelecimento comercial. 

De acordo com Wellington Galdino, mais conhecido como “Pai Wellington”, no dia 23 de novembro, ele foi à  Loja da Esperança, localizada na Rua Lúcio Roberto, Centro da cidade, comprar uma imagem sacra para presentear uma ex-professora.

Ele relatou que é cliente há bastante tempo do estabelecimento comercial por sempre presentear amigos com imagens, livros e outros objetos católicos. Mas essa foi a primeira vez que ele foi à loja com roupas tradicionais dos rituais do candomblé.

“A primeira vez que eu entrei fui muito bem atendido por uma funcionária da Casa da Esperança. Saí, fui até a loja vizinha e depois retornei. Foi então que começaram os ataques racistas por parte da dona do estabelecimento, conhecida como Carmelita”, relatou.

Pai Wellington conta que Carmelita pegou nas guias que estavam no pescoço, que representam os orixás nas religiões de matizes africanas, e perguntou se ele tinha sido obrigado a entrar na macumba.

“Eu respondi que não era macumbeiro, era candomblecista e tinha aceitado a religião por amor, mas mesmo assim ela insistia e continuou em prosseguir me agredindo com palavras e gestos racistas. Ainda tentou, inclusive, realizar uma espécie de ritual exorcista fazendo o sinal da cruz em minha testa”, contou com detalhes a vítima.

Wellington Galdino da Rocha denunciou caso na Central de Polícia de Arapiraca.

“Estamos perdendo muito tempo com esse tipo de preconceito que não leva as pessoas a lugar algum. Quando as pessoas precisam de transfusão de sangue, ninguém pergunta se o sangue é de um cristão ou de um praticante de candomblé”, desabafou.

A proprietária da Loja, Carmelita Leite, em entrevista ao repórter Claudio Barbosa, da Novo Nordeste AM, negou ter praticado qualquer tipo de preconceito religioso ou ato de exorcismo contra o denunciante, conforme foi citado no Boletim de Ocorrência.
Carmelita Leite confirmou ter indagado se o mesmo pertencia ao Candomblé, fazendo apenas uma observação se o mesmo estava convicto de sua fé.

“Já enfrentei vários problemas e nunca fui ao embate com ninguém, quem me conhece sabe”, destacou, garantindo que está tranquila e nunca ter tido problema com adeptos de outras religiões.

Caminhada contra o preconceito 

No próximo dia 9 de dezembro será realizada a Caminhada Contra o Racismo e a Intolerância Religiosa.  A concentração acontece a partir das 15h na Praça Marques da Silva, no Centro de Arapiraca