Alagoas

Sanguinetti apresenta versão sobre morte de boiadeiro e amigo

Por 7 Segundos 21/11/2016 17h05
Sanguinetti apresenta versão sobre morte de boiadeiro e amigo

"Não houve confronto porque as vítimas não tiveram tempo de reagir", afirmou o perito criminalista George Sanguinetti após ter realizado perícia na casa de número 41, em que estavam Emanoel Messias de Melo Araújo, conhecido como Emanoel Boiadeiro, e Fabrício Barbosa dos Santos, no município de Belo Monte, na manhã desta segunda-feira (21).

A equipe do Portal 7 Segundos acompanhou o trabalho do perito, contratado pela família Boiadeiro, no local do crime em uma casa de porta e janela, na Rua Epaminondas Machado, conhecido como "Rua de Fora". O crime aconteceu em 1º de outubro deste ano, na véspera das eleições municipais, quando os dois rapazes foram mortos por policiais da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), segundo familiares.

Ana Maria das Graças de Melo Araújo, mãe de Emanoel Boiadeiro acompanhou o trabalho do médico George Sanguinetti e disse a equipe do 7 Segundos, que o filho estava trabalhando na campanha do prefeito Avânio Feitosa e que tinha intriga com um policial, o sargento Matos e estava sendo perseguido.

"Em uma abordagem feita pelo pai desse rapaz [sargento Matos], há dez anos, ele sacou uma arma para acertar Emanoel e Emanoel acertou ele primeiro e o cunhado de Paulo Dantas vinha nesse carro também e os dois foram atingidos e morreram", revelou Ana Maria das Graças.

Depois desse episódio, a mãe disse que o filho ficou em liberdade condicional e se apresentava à Justiça no dia 29 de todo mês, na cidade de Batalha, e, segundo a mãe, o filho não tinha mandado de prisão porque era réu da Justiça e tinha 18 anos na época.

"Essa perseguição sobre ele já vinha desse tempo e o que vimos hoje aqui é a confirmação de que houve um duplo homicídio", disse Ana Maria das Graças.

Segundo a mãe de Emanoel Boiadeiro, os corpos das vítimas foram arrastados e jogados em cima da viatura policial e levados, já mortos, para o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca.

Roupas e cama

A cama em que Emanoel Boiadeiro dormia permanece intacta no quarto, assim como a mala e as roupas dele, inclusive a que ele usava no dia do crime: uma calça jeans clara e uma camisa polo branca de listras vermelhas.

O médico legista George Sanguinete disse que só há perfuração de bala nas partes de trás da roupa e que as vítimas não tiveram tempo para se defenderem. Ele disse que o documento da perícia deverá ser entregue à família em 15 dias.

"Com este documento a família vai cobrar do Ministério Público as investigações e vou aguardar o laudo cadavérico. Existindo discordência ou ponto de conflito vou sugerir a permissão para uma exumação no corpo da vítima porque as marcas estão no corpo, mesmo com esse tempo que passou ainda há evidências de violência", declarou George Sanguinetti.

Sanguinetti disse, ainda, que não havia indícios de alguma substância ativa de álcool em Emanoel Boiadeiro, o que comprova que ele não havia ingerido alguma bebida alcóolica.

Durante a perícia foi mostrado uma cartela do remédio que Emanoel Boiadeiro tomava, um antibiótico Cefalexina para tratamento de infecções bacterianas.

"Com esta perícia esperamos que os verdadeiros culpados sejam punidos", desabafou Ana Maria das Graças de Melo Araújo.

O caso 

Emanoel Boiadeiro foi assassinado no dia 1º de outubro deste ano, atingido por tiros durante uma operação do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), em Belo Monte, no Sertão de Alagoas. A operação resultou em duas mortes, Emanoel Boiadeiro e Fabrício Barbosa, e em um policial do Bope baleado na mão. Na ocasião os dados oficiais afirmavam que os mortos seriam pistoleiros que faziam a segurança de um candidato a prefeito da cidade. 

De acordo com a polícia, Emanoel e Fransico teriam atirado em um policial do Bope - Batalhão de Operações Policiais Especiais - que participava da operação em Belo Monte. Já o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) em parceria com as polícias Militar e Civil estaria investigando uma suposta quadrilha, na região, presa na operação e que os suspeitos eram responsáveis por roubo a banco e pistolagem.

Assessoria da PC

O Portal 7 Segundos entrou em contato, por telefone, com a assessoria de comunicação da Polícia Civil para saber a versão da PC sobre o caso. Mas, até o fechamento desta matéria não recebeu a ligação da assessoria. O 7 Segundos ligou novamente antes de publicar a matéria, mas ninguém atendeu ao telefonema.

Assista ao vídeo das entrevistas no local da perícia, na manhã de hoje, em Belo Monte: