Sertão

Produção de mel gera desenvolvimento e renda para famílias do semiárido

Por Assessoria 04/10/2016 07h07
Produção de mel gera desenvolvimento e renda para famílias do semiárido
Apicultores no semiárido brasileiro - Foto: Ilustração

Mais 9,4 mil produtores de mel do país comemoram o aumento da produção e da renda familiar, conquistadas com o investimento de R$ 49 milhões do Ministério da Integração Nacional para profissionalizar e estruturar a atividade. A maior parte deles está na região semiárida do país, que, graças ao incentivo, ganhou posição de destaque nos mercados interno e externo.

O projeto, executado pela Secretaria Nacional de Desenvolvimento Regional (SDR) e pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), atua no fortalecimento da Rota do Mel e das cadeiras produtivas locais, oferecendo cursos de capacitação e distribuindo kits familiares. A apicultura é uma alternativa importante para a diversificação da atividade econômica nas regiões que sofrem com a estiagem e apresenta baixo investimento de implantação, custo e rápido retorno financeiro.

Os kits distribuídos são compostos por colmeias, melgueiras, suporte, cera, equipamentos de proteção individual, carretilha manual, formão e fumigador. O treinamento envolve noções teóricas e práticas sobre a anatomia e biologia das abelhas, floradas apícolas, instalação de apiários, métodos de povoamento e de manejo das colmeias, uso dos materiais necessários, controle fitossanitário, a relação das abelhas com o meio ambiente, entre outros temas. Os investimentos também englobam a construção de várias Unidades de Extração de Produtos da Abelha e de Beneficiamento de Mel em diversos municípios.

Depois de participar do curso da Codevasf e receber o kit, a produtora Fabiana Souza, de Pilão Arcado (BA), contou que pretende transformar a produção em sua renda principal, que hoje ainda é limitada ao plantio de milho, mandioca, feijão e à criação de pequenos animais. “A gente já cria abelhas, mas não tínhamos segurança na atividade. Eu mesma tinha medo. Agora, depois do curso, sinto que me desenvolvi. Quero crescer na atividade, comprar mais equipamentos”.

Segundo a Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel), em 2015, o Brasil exportou 22,2 mil toneladas do produto. Ainda de acordo com a entidade, a região semiárida alcança posição de destaque no mercado devido ao fato do produto ter baixa contaminação por pesticidas, já que a produção é proveniente de florada de vegetação nativa.

Produção de mel no semiárido

Na região de abrangência da Codevasf foram aplicados cerca de R$ 41 milhões. O Piauí é considerado o maior produtor de mel do Brasil. As regiões de Picos e de São Raimundo Nonato são os principais polos do estado. Juntos, os apicultores dessas localidades somam 90% do mel produzido. A Codevasf investiu, de 2012 a 2015, cerca de R$ 7,4 milhões na apicultura local.

A apicultura na região do Baixo São Francisco também recebeu incentivos do Ministério da Integração Nacional. Alagoas, por exemplo, contou com R$ 4,5 milhões de recursos federais que contemplaram 630 beneficiários. A caatinga do estado favorece a produção de mel, que apresenta ótima qualidade e pode ser certificado como orgânico, já que não se usa agrotóxicos na agricultura e a alimentação das abelhas é retirada da florada nativa da região. O Arranjo Produtivo Local (APL) possui, inclusive, uma marca registrada como ‘Mel do Sertão’.

O sertão de Pernambuco recebeu investimentos de R$ 7,5 milhões para profissionalizar e equipar 500 produtores. Também foram construídas sete Unidades de Beneficiamento de Mel e a oitava foi reformada. Com o incentivo, a expectativa é de que a produção de mel pernambucana tenha um incremento, em sua capacidade, de 300 toneladas por ano.

Em Sergipe, por sua vez, os produtores se destacam por usar a criatividade na solução dos problemas. Um dos casos de sucesso é o uso de contêineres como unidades de extração de mel móvel, que podem ser instaladas em várias regiões do estado. Outra novidade é a meliponicultura, que consiste na criação de abelhas nativas sem ferrão e cuja produtividade e valor econômico da produção é bastante superior ao da apicultura. O estado recebeu R$ 2 milhões de investimentos para apoiar mais de 279 produtores.