Agreste

Polícia divulga áudio em que menor descreve como matou candidato a vereador

Mandante do crime é apresentado pelo delegado do caso e Secretaria de Segurança Pública

Por 7 Segundos 23/09/2016 13h01
Polícia divulga áudio em que menor descreve como matou candidato a vereador
Mandante do crime é apresentado pelo delegado do caso e Secretaria de Segurança Pública - Foto: Cortesia

O delegado, Guilherme Iusten, da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) e membros da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) apresentaram nesta sexta-feira (23) Amaro José da Silva Júnior, o mandante do assassinato do candidado a vereador por Teotônio Vilela, David Silva Leandro. A polícia, com permissão judicial, divulgou a conversa entre ele e o executor, o menor D.F.S, 17 anos, em que comentam sobre como o assassinato ocorreu.

No áudio - que pode ser ouvido no final da matéria-, o menor de idade descreve como tirou a vida do candidato a vereador, e como a vítima ficou após ser baleada com um tiro na cabeça.

"Não, quando eu dei o primeiro [tiro] no ouvido, ele botou a mão no ouvido, aí ficou, uh!, uh!, com a mão no ouvido, em pé e eu disse: 'eita, fio do cranco duro".

Logo após continuou.

"Aí quando terminou eu dei outro descendo assim do meio da cabeça pra baixo. Oush, aí ele não aguentou não. Caiu só o pacote. 'Bouwn!'. Aí eu disse, 'oia'. Ele ainda ficou 'oi, oi'. Eu disse 'oush, ainda tá gemendo? Aí eu dei outro e ele ficou todo mole. Aí eu dei mais um e saí. Eu disse: 'oush, já morreu", descreve o menor em áudio.

Ainda no áudio, o menor cita as investigações da Deic, em que, a princípio levou o caso como crime por motivação política, já que David Leandro era candidato a vereador.

"Vi, assisti. Assisti também outra entrevista do delegado da Deic, que vai investigar o caso, que é um negócio de política".

Clique abaixo e ouça o áudio divulgado pela polícia com autorização judicial: 


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Confira conversa na íntegra:

D.F.S: 'vapor no ouvido que varou perto do olho dele, no outro lado'

Amaro: aí ele caiu no chão, foi?

D.F.S: Não, quando eu dei o primeiro [tiro] no ouvido, ele botou a mão no ouvido, aí ficou, uh!, uh!, com a mão no ouvido, em pé e eu disse: 'eita, fio do cranco duro.

A: com um tiro na cabeça ainda ficou em pé?

D.F.S: Foi. Aí quando terminou eu dei outro descendo assim do meio da cabeça pra baixo. Oush, aí ele não aguentou não. Caiu só o pacote. 'Bouwn!'. Aí eu disse, 'oia'. Ele ainda ficou 'oi, oi'. Eu disse 'oush, ainda tá gemendo? Aí eu dei outro e ele ficou todo mole. Aí eu dei mais um e saí. Eu disse: 'oush, já morreu. Tu se ligou na foto?

A: Me liguei?

D.F.S: Oush, a mão dele toda roxa, vei. Ele morreu com a mão toda roxa.

A: Aquilo é um pilantra. Aí eu vi o pai dele dando entrevista, tu viu?

D.F.S: Vi, assisti. Assisti também outra entrevista do delegado da Deic, que vai investigar o caso, que é um negócio de política.

A: É bom que investigue e pense que é crime político.

D.F.S: É por isso que o cara tem que ficar só nas 'armanhas'...

A: Não vá lá agora não, pow?

D.F.S: Tô ligeiro, pow, esperando somente a poeira baixar. Tô em contato aqui com a minha vó pra ver como é que tá o movimento lá todo instante. Só quem tá lá é o corajoso do 'Bracinho' mesmo...

Amaro José da Silva foi preso no dia 31 de agosto. Neste período o delegado afima que já sabia a real motivação do crime. No entanto, não divulgou que o assassinato ocorreu por causa de tráfico de drogas, porque ainda havia participantes do crime soltos.

"Precisávamos trabalhar para prender os demais. Como eles comentam que a polícia trabalha como crime eleitoral, se a gente apresentasse o mandante ia ficar mais difícil de prender os executores", afirma o secretário de Segurança Pública, Coronel Lima Júnior. 

O menor já foi apreendido, mas não foi apresentado durante a coletiva.

Outro acusado de participar da morte do candidato foi Antônio Pedro dos Santos, mais conhecido como "Tonho do Bode", responsável por levar o menor ao local do crime. Ele morreu durante confronto com a polícia durante operação em combate a outro crime de tráfico de drogas em Penedo.

Crime

David Silva Leandro foi executado a tiros no dia 22 de agosto na cidade de Teotônio Vilela, no Agreste alagoano.

A vítima, identificada como David Leandro, era professor e estava tentando uma vaga na Câmara Municipal de Teotônio Vilela nas eleições deste ano, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).