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Investigação sobre estupro coletivo é concluida e delegacia indicia sete

Por Exame 17/06/2016 15h03
Investigação sobre estupro coletivo é concluida e delegacia indicia sete
A delegada Cristiana Bento falando sobre o fim da investigação Foto: Rafael Moraes / Extra

A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) divulgou, nesta sexta-feira, o resultado da investigação de um estupro coletivo denunciado por uma jovem de 16 anos. Sete pessoas foram indiciadas pelo crime que ocorreu no Morro da Barão, na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. Entre o material analisado pelos peritos estavam imagens encontradas no celular de Raí de Souza, de 22 anos, um dos suspeitos do crime, que está preso.

— É um crime que chocou o Brasil e vai fazer história pela forma como foi praticado. A polīcia trabalha com prova técnica. Chegamos a sete indiciados — disse a delegada Cristiana Bento, titular da Dcav.

A delegada pediu a prisão preventiva de seis indiciados: Raí de Souza; Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa; Moisés Camilo de Lucena, o Canário; Michel Brazil da Silva; Marcelo Miranda da Cruz Correa; e Raphael de Assis Duarte Belo. Para o sétimo inidiciado, Perninha, que é menor de idade, a delegada fez o pedido de busca e apreensão.

Dos sete indiciados, quatro teriam mantido relações sexuais com a adolescente: Raí, Raphael, Perninha e Canário. Da Russa não manteve relações com a jovem, mas também vai responder pelo crime de estupro de vulnerável. Os outros três vão responder pela produção e divulgação de imagens indevidas da jovem.

O jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte teve sua inocência comprovada e não vai responder por nenhum crime.

A partir de interceptações telefônicas, a polícia descobriu que um personagem identificado como “Jefinho” foi criado apenas para tentar atrapalhar as investigações.

— Em um grampo, Raí conversa com Raphael (Duarte Belo, de 41 anos, que está preso). Este diz para contar à polícia que foi Jefinho que filmou (a jovem). Mas, na verdade, quem participou do vídeo foi o traficante Perninha — explicou Cristiana.

Outros dois inquéritos foram abertos na Dcav para identificar outros possíveis estupradores. Também foi aberto um inquérito na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) para identificar os traficantes da Barão e a participação de Raí no tráfico.

Entenda o caso

Na manhã do dia 21 de maio deste ano, a garota de 16 anos saiu de um baile funk com Raí, outra menina e o jogador de futebol Lucas Perdomo — que chegou a passar uma noite na cadeia mas teve a prisão revogada. O grupo, que teria consumido álcool e drogas no baile, seguiu para uma casa no Morro da Barão.

Raí, Lucas e a garota deixaram o imóvel. A vítima do estupro, desacordada, permaneceu na casa, onde foi encontrada pelo traficante Moisés Camilo de Lucena, o Canário, de 28 anos. Ele levou a jovem para outro imóvel, conhecido como “abatedouro”.

A garota foi abusada por um grupo de seis a oito traficantes, incluindo Canário. Na noite do dia seguinte (22), outro grupo submeteu a jovem a uma nova sessão de abusos sexuais.

Ainda na noite do dia 22, Raí, Raphael e outro homem teriam abusado da adolescente, além de gravarem vídeos e tirarem fotos. As imagens foram divulgadas na internet.

Cinco foragidos

Três suspeitos de participar do estupro coletivo estão foragidos: Canário; Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa; e um traficante conhecido como Perninha. Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, e Michel Brazil da Silva, de 20, também são procurados. Mas, de acordo com a delegada, eles serão indiciados por terem compartilhado as imagens do crime na internet. Todos os cinco são considerados foragidos.

Indiciados

Sergio Luiz da Silva Junior, o Da Russa, foi indiciado por estupro de vulnerável. Ele é identificado como o chefe do tráfico na região e, segundo a delegada, tem domínio sobre o que acontece na Barão. A adolescente encontrou Da Russa ao sair do abatedouro.

Moisés Camilo de Lucena, o Canário, também vai responder por estupro de vulnerável. Ele foi reconhecido pela vítima como sendo um dos homens que a segurou.

Raí de Souza e o traficante identificado como Perninha foram indiciados por estupro de vulnerável e por divulgar as imagens indevidas da adolescente.

Michel Brasil e Marcelo Miranda foram indiciados pela divulgação das imagens indevidas da adolescente.

Raphael vai responder por estupro de vulnerável.

O crime de estupro de vulnerável prevê até 15 anos de prisão em caso de condenação. Pela produção de imagens indevidas da jovem, os criminosos podem pegar até oito anos e, pela transmissão, até seis anos.