Sertão

Ufal forma a primeira engenheira no Sertão

Por Redação com assessoria 24/12/2015 14h02
Ufal forma a primeira engenheira no Sertão
- Foto: Assessoria Ufal

Se a trajetória acadêmica fosse uma competição, Stephane Andrade já seria tricampeã. A jovem de 22 anos teria sido escalada em 2010 e estaria no topo da lista – como aconteceu quando obteve a primeira colocação no vestibular para o Campus do Sertão.

Natural de Delmiro Gouveia, a universitária revelou a garra, a determinação e a persistência do sertanejo quando se tornou a primeira engenheira civil formada no semiárido alagoano, em janeiro deste ano.

Primeira colocada no vestibular, primeira a apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Engenharia Civil no Campus do Sertão, primeiro membro da família graduado e primeira aluna de sua turma a ingressar no mestrado. Na vida e na academia, Stephane coleciona primeiros lugares. Para ela, a profissão escolhida nunca foi uma dúvida.

“Sempre me identifiquei com as exatas e, depois, percebi o crescimento do mercado de trabalho na área da construção civil”, ressaltou.

Mas foi a chegada do ensino superior ao município de Delmiro Gouveia que tornou seu sonho uma realidade. “Sem a presença da Ufal aqui, seria muito mais difícil. Nem todo mundo tem a oportunidade de morar fora para estudar. Além disso, nós percebemos as transformações locais, já que a vinda de novos moradores estimulou a nossa economia”, detalhou a jovem engenheira.

Vida universitária

Assim como aproveitou a oportunidade quando a Ufal chegou ao Sertão, Stephane também transformou o ingresso na instituição num caminho para novas conquistas. Durante a graduação, esteve envolvida em atividades extracurriculares e levou seu conhecimento para quem mais precisava.

“Eu participei de um projeto de extensão que busca incentivar o estudo de Matemática para alunos das escolas públicas e dos programas de Educação de Jovens e Adultos. Além disso, desenvolvemos trabalhos de conscientização sobre o uso da água, com o intuito de gerar impactos na comunidade. Eu tive a oportunidade de compartilhar meu conhecimento”, explicou.

Com histórico acadêmico exemplar, também assumiu a monitoria das disciplinas de Cálculo Numérico e Hidrologia – essa última foi sua grande paixão e motivou a produção do seu TCC. Para concluir seus cinco anos de graduação, Stephane Andrade decidiu realizar estudos sobre o dimensionamento de cisternas tipo calçadão associado à variabilidade pluviométrica do município de Delmiro Gouveia.

Segundo a engenheira, há muitas cisternas instaladas na região, mas elas são construídas sem análise prévia das variáveis e da hidrologia de cada localidade.

“Coletamos dados pluviométricos para caracterizar a distribuição de chuvas no município. Essas informações permitem indicarmos o dimensionamento correto das áreas do calçadão que possuem captação adequada para a garantia do armazenamento do volume de água necessário para a demanda da zona rural”, destacou.

Os resultados obtidos na pesquisa revelam que é possível reduzir os riscos da falta d’água com pouco investimento e podem beneficiar a agricultura familiar.

“O estudo traz muitos impactos para a Economia, porque essas cisternas são utilizadas para a agricultura e a criação de gado – as principais fontes de renda da região. Além disso, podem ser feitas com a contribuição da mão de obra local, o que pode baratear seu custo e gerar empregos”, salientou Stephane.

Da graduação para o mestrado

Antes mesmo da colação de grau, a experiência de Stephane na área de Hidrologia lhe garantiu o ingresso no mestrado de Recursos Hídricos e Saneamento da Ufal, ofertado no Campus A.C. Simões, em Maceió.

Com a conquista, a nova engenheira faz uma retrospectiva de sua trajetória acadêmica: “Quando comecei, o Campus do Sertão não tinha nem a própria sede e nossas aulas eram realizadas numa escola pública. Então, eu vi tudo isso aqui crescer, vi a biblioteca ser implantada, a Edufal [Editora da Ufal] chegar e a estrutura melhorar bastante... Hoje, saio daqui com as melhores expectativas possíveis e rumo ao mestrado”, refletiu.