Baixo São Francisco

Vazão do São Francisco pode inviabilizar procissão de Bom Jesus

Por Redação com Assessoria 03/12/2015 16h04
Vazão do São Francisco pode inviabilizar procissão de Bom Jesus
Festa tradicional acontecerá na segunda semana de janeiro de 2016 - Foto: Aqui Acontece

A manutenção da vazão mínima dos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (AL) em 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) pode inviabilizar a realização da procissão fluvial em homenagem ao glorioso Bom Jesus dos Navegantes de Penedo, festa tradicional que acontecerá na segunda semana de janeiro de 2016.

De acordo com o secretário executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, a possível redução na vazão causará impactos ambientais e econômicos ainda maiores para o rio. “Com essa vazão, fica impossível haver festa de Bom Jesus dos Navegantes de Penedo”, teme, lembrando que programação conta com uma tradição de 135 anos.

Ainda segundo Oliveira, os pescadores de Alagoas devem se articular para cobrar dos responsáveis uma saída para o problema. Ele lembra que o exato período em que se projeta a vazão de 800m³/s coincide com o da piracema, ou seja, época em que os peixes sobem os rios até suas nascentes para desovar. “Nesse período, os peixes precisam de mais água. Se recebem menos, a reprodução cai muito. Será mais um problema social para os pescadores, que podem ficar praticamente sem pescar”, alerta.

Uma resolução da Agência Nacional de Águas (ANA) publicada na edição da última terça-feira, 1º de dezembro, do Diário Oficial da União confirma a manutenção da vazão mínima dos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (AL) em 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) até o dia 20 de dezembro. A mesma resolução indica uma nova redução, a partir desta data, caso o período chuvoso não seja considerado suficiente para a manutenção dos reservatórios.

A medida é uma confirmação do que se discutiu na última reunião de avaliação dos efeitos da vazão reduzida, realizada na sede da ANA, em Brasília (DF), no dia 25 de novembro. No entanto, o indicativo de uma defluência ainda menor causa preocupação ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O presidente do colegiado, Anivaldo Miranda, sempre tem se colocado crítico da medida.