Arapiraca

Especial: o drama de mais uma vítima de acidente de moto em Arapiraca

História de Estefânio é a segunda matéria da série

Por Redação 01/12/2013 11h11
Especial: o drama de mais uma vítima de acidente de moto em Arapiraca

Alana Berto
Repórter

Hoje, o Portal 7 Segundos dá continuidade a uma série de reportagens sobre acidentes de moto - fato que tem ocorrido com cada vez mais frequência em Arapiraca. Neste domingo (1), a história é sobre Estefânio, um jovem arapiraquense que perdeu os movimentos dos braços e das pernas depois de um grave acidente, na AL -220. 

Segundo domingo de maio de 2013, Estefânio seguia para o trabalho, conduzindo um ciclomotor, a famosa Cinquentinha, quando um carro bateu no veículo. O acidente aconteceu próximo à Unidade de Emergência do Agreste, na AL-220.

“Eu estava certo e ele entrou na minha frente. O motorista do carro estava bêbado”, relembrou Estefânio Leão, de 20 anos, que ficou tetraplégico com o impacto.

Quitéria Leão, mãe de Estefânio, acrescenta que com a fisioterapia pode ser que o filho volte a se movimentar e afirmou que há dias que o filho chora muito. “Eu tenho muito medo porque meu marido é mototáxi e ninguém está livre”, explicou.

Seis meses depois, ela se alegra ao contar os pequenos avanços do filho. “Ele já puxa a perna e com ajuda já senta”, afirmou.

Quitéria ainda acrescenta que durante a fisioterapia quando tentava sentar seu filho ele chegava a desmaiar, pois estava muito tempo deitado. “Quando ele comprou a moto, eu não queria, tinha medo”.

Segundo Quitéria, o motorista que bateu em Estefânio ajudou no primeiro mês e depois não enviou nenhuma ajuda. Ela ainda contou que como é difícil a locomoção de Estefânio, os médicos o atendem na sua residência.

Para ir à fisioterapia, Quitéria disse que fez um acordo com um taxista que leva o jovem ao Hospital Chama e o deixa em casa, ao final da sessão.

Estefânio salienta que a culpa não é da moto, mas sim dos motoristas. “Querer andar de moto quando eu ficar bom, eu não quero, mas se for preciso eu vou”, disse ele.

Ao relembrar da tragédia, ele afirmou que estava sem capacete, por estar em uma Cinquentinha. “Não é obrigatório usar capacete, mas o impacto é o mesmo. Nunca mais deixo de usar”.

Ismair Leão, o pai de Estefânio é mototáxi, mas afirmou que anda de moto por não ter outra alternativa. “Eu nunca gostei, esses dias eu levei uma queda de moto. É o derradeiro transporte”, reforçou.

Ao ser questionado sobre o que mais tem vontade de fazer quando recuperar os movimentos, Estefânio responde prontamente: “Queria poder comer com minhas próprias mãos”.

A mãe de Estefânio explicou que deu entrada no Seguro DPVAT - Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, no entanto, seis meses depois do acidente a conta ainda não foi ativada.

Quitéria ainda acrescentou que há três meses fez o pedido de uma cadeira de rodas e uma cadeira de banho na prefeitura de Arapiraca, mas até agora Estefânio não recebeu.

A mãe também reclama que não conseguiu que o filho fizesse fisioterapia pelo Sistema Único de saúde (SUS) e o procedimento está sendo pago através do benefício de Estefânio. “São três meses de fisioterapia, ele passou dois meses internado após o acidente”. Quitéria conta ainda que o filho sente muita queimação no corpo.

Reabilitação

De acordo com a diretora do Centro Especializado de Medicina e Reabilitação Física de Arapiraca, Andreza Bezerra, os pacientes que chegam pela primeira vez fazem uma avaliação, para que seja analisado qual a necessidade do paciente, que já sai com a programação necessária.

Andreza colocou que são atendidas nos dias de avaliação, que ocorre às terças-feiras, de 12 a 13 pessoas. “A demanda é grande, mas o paciente não fica sem atendimento”, declarou.

A diretora argumentou que o que pode ter acontecido é que as vagas da avaliação tenham sido ocupadas. “No entanto, se for um paciente urgente é encaixado. Geralmente com uma ou duas semanas o paciente inicia a fisioterapia”, reforçou.

Quanto à cadeira de rodas e de banho necessitadas por Estefânio, a assessoria de comunicação explicou que chegou o primeiro lote de cadeira, no entanto algumas estavam com defeito. De 50 cadeiras, apenas 19 ficaram. E que em um mês chegarão todas as cadeiras, um total de 200.

Leia  a primeira matéria da série: Em Arapiraca, é alto o número de acidentes com motos