Fórmula 1

Acidente de Jules Bianchi foi de 254 vezes a força da gravidade

Por 7 Segundos com Globo esporte 23/07/2015 11h11
Acidente de Jules Bianchi foi de 254 vezes a força da gravidade
- Foto: Formule1nieuws.nl

De acordo com o estudo da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o impacto sofrido por Jules Bianchi no acidente do GP do Japão em outubro de 2014, que custou a vida do piloto, foi de 254G, ou seja, 254 vezes a força da gravidade. O piloto francês morreu na última sexta-feira (17/07) aos 25 anos, em decorrência das graves lesões cerebrais provocadas pela batida.

- É como se você largasse um carro a 48 metros do chão, sem zona de absorção de impacto – comparou Andy Mellor, vice-presidente da Comissão de Segurança da FIA.

As informações constam em um documento chamado “World Accident Database (WADB)”, uma base de dados de acidentes em esportes a motor no mundo inteiro, criado pela FIA para aumentar a segurança nas pistas. Os detalhes foram revelados pelo site alemão “Auto Motor und Sport”, especializado em automobilismo.

Os dados do GPS mostram que Bianchi perdeu o controle de sua Marussia na saída da curva "Dunlop" na pista molhada de Suzuka a 212 km/h e colidiu com o trator de 6,8 toneladas, que recolhia a Sauber de Adrian Sutil, 2s61 depois, a 125km/h, em um ângulo de 55 graus. Com o choque, o carro desviou quatro metros longitudinalmente, e dois metros para o lado. Inicialmente, a partir de dados dos sensores do tampão de ouvido de Bianchi, acreditou-se que o impacto teria sido de 92G. Mas os novos cálculos apontaram que o número correto foi de 254G.

– O problema foi que a Marussia entrou parcialmente embaixo da haste do guindaste e por isso foi pressionada de cima para baixo. Isso agiu como um freio, uma desaceleração brusca. Neste momento nós tivemos o contato entre o capacete e o guindaste. Nunca vimos algo assim antes – prosseguiu Mellor.

Chefe da Comissão de Segurança da Fia, Peter Wright acredita que era impossível prever um acidente da dinâmica do de Bianchi e afirma que a entidade se debruçou no estudo do episódio para tomar as providências necessárias e evitar casos semelhantes no futuro.

– Em alguns tipos de acidentes, é preciso primeiro ocorrer para depois aprender com ele. O de Bianchi é o melhor exemplo. Este é um cenário que não poderíamos ter imaginado anteriormente. Por isso é muito importante investigá-lo até o mais profundo detalhe. Nunca havíamos investido tanto tempo e esforço em uma análise - ressaltou.  

Cockpit fechado não salvaria vida de Bianchi, garante FIA

Wright, porém, negou que um cockpit fechado poderia ter salvo a vida de Bianchi:

– O carro teria sido atingido na cápsula e, mesmo que a cabeça dele não tivesse sido atingida pelo guindaste, ela teria sido atingida pela cápsula, terminando no mesmo resultado – garantiu.

Questionado se guindastes deveriam ser mais bem protegidos, Wright alega que “seis camadas de pneus” precisariam ser anexadas ao veículo de resgate, algo “inaceitável” na visão dele. No início da semana, o dono dos direitos comerciais da F-1, Bernie Ecclestone, condenou a presença de um trator na área de escape. Em um estudo inicial, porém, a FIA afirmou que todas as medidas de segurança foram adotas corretamente e afirmou que Bianchi não teria reduzido o suficiente sob o período de bandeira amarela na pista molhada de Suzuka.

A principal medida tomada até agora pela FIA em decorrência do acidente de Bianchi foi a introdução do sistema do Virtual Safety Car (carro de segurança virtual), onde todos os pilotos têm suas velocidades diminuídas quando um incidente ocorre e é necessário que um veículo de resgate entre na pista.

Jules Bianchi morreu na última sexta-feira, após ficar nove meses desacordado em razão do acidente em Suzuka, em outubro de 2014. O francês sofreu uma lesão axonal difusa em decorrência do impacto do cérebro com as paredes do crânio de forma violenta devido a fortes acelerações e desacelerações, o que resulta no rompimento das células nervosas, e acaba em morte ou estado vegetativo permanente na maioria dos casos. Na terça-feira, pilotos, amigos, fãs e familiares se despediram de Bianchi em um funeral em Nice, terra natal do francês.