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Pesquisa identifica na Mata Atlântica alagoana ave rara no Nordeste

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Por Assessoria 10/04/2012 13h01
Pesquisa identifica na Mata Atlântica alagoana ave rara no Nordeste
Há dois anos a Universidade Federal de Alagoas iniciou o projeto pioneiro de monitoramento com aves no Estado na Mata da Bananeira, no município de Murici, a 44 quilômetros de Maceió considerado um dos maiores blocos florestais que restam com a devastação da Mata Atlântica alagoana. O projeto tem a coordenação do professor Márcio Efe, responsável pelo Laboratório de Bioecologia e Conservação de Aves Neo-Tropicais do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e já identificou 130 espécies de aves, várias endêmicas e ameaçadas de extinção, como choquinho de Alagoas”e “limpa-folha do Nordeste” e uma delas, a espécie rara conhecida como patinho gigante, inédita no Nordeste do Brasil, registrada até então apenas no Sul e Sudeste do pais.

Denominado de “Monitoramente de Conservação de Aves Endêmicas e Ameaçadas do Centro Pernambuco de Endemismo”, o projeto conta com o apoio da Fundação O Boticário, faz um estudo contínuo das espécies identificando o que as aves necessitam para a sobrevivência e subsidia o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO-AL). “A região de Mata Atlântica, que vai de Alagoas ao Rio Grande do Norte, é considerada um importante centro de endemismo do planeta por abrigar espécies da fauna e da flora que não existem em nenhum lugar do mundo”, informa o professor Márcio Efe.

Para um maior dinamismo e estrutura às ações da pesquisa, a Ufal com o apoio do ICMBIO, Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU-AL) e proprietários da região montará uma base de apoio (casa) no ponto mais alto da Mata da Bananeira, que fica a 600 metros de altitude, cujo projeto prevê o uso de energia eólica e solar. “A casa será construída com dormentes (madeira) do trilho trocado em Maceió para a circulação do VLTB (Veículo Leve Sobre Trilho), e abrigará a equipe do projeto principalmente na temporada reprodutiva anual das aves, que vai de setembro a março”, frisa Márcio.

Etapas

Iniciado em março de 2010, o projeto se desenvolve essencialmente no campo e conta com duas equipes formadas por pesquisadores e alunos do curso de Biologia. Na primeira etapa, foi realizado o reconhecimento da área (Mata da Bananeira). Mensalmente as equipes realizam visita de três dias no local trabalhando na captura, marcação, coleta de dados morfológicos das aves, medição, pesagem e identificação do estágio reprodutivo e de troca de pena. O trabalho também consiste na procura de ninhos que são marcados identificando ovos e filhotes e é acompanhado pelos pesquisadores até o final da reprodução.

O professor Márcio Efe explica que as informações obtidas na pesquisa de campo são levadas ao Laboratório de Bioecologia e Conservação de Aves Neo-Tropicais para o tratamento estatístico. Explica que além da captura, a identificação das espécies é feita também visualmente e através da sua vocalização (canto e vozes). “No período de agosto de 2010 a janeiro de 2012 foram identificadas na Mata da Bananeira seis novas espécies e 13 ninhos, destes três ativos, pertencentes a duas espécies. Entre elas uma endêmica e ameaçada de extinção”, diz o pesquisador. As aves endêmicas e ameaçadas recebem anilhas metálicas e uma combinação de anilhas coloridas para o monitoramento.

Biólogo, doutor em Zoologia e ornitólogo com participação em pesquisas no Brasil e no exterior, a exemplo da Patagônia, o professor Márcio Efe diz que mesmo reconhecendo os avanços obtidos nesses dois anos do projeto, ainda é muito cedo para se ter a ideia de tamanhos populacionais e sucesso reprodutivo das espécies ameaçadas e endêmicas na região da Mata Atlântica alagoana. Ele destaca a importância do projeto na formação acadêmica dos alunos e futuros biólogos envolvidos na pesquisa. Márcio Efe é presidente do 19º Congresso Brasileiro de Ornitologia a se realizar em Maceió, de 18 a 23 de novembro deste ano.