Fabrízio Almeida
Je ne suis pas Charlie, eu não sou Charlie
Ainda não sabemos quais serão as consequências para o mundo do ataque terrorista em Paris que matou 12 pessoas, sendo 8 deles do editorial satírico Charlie Hebdo . O atentado fora motivado pelo estilo grotesco de expor um dos símbolos máximos do Islamismo, o Profeta Maomé.
Os reflexos pós atentado insinuam um cenário extremamente difícil de ser administrado pelos chefes de Estado de diversos Países ocidentais e orientais. Na França é defendida a ideia da extrema liberdade de expressão, com a alegação de que a imposição de limites fragilizaria o Direito pois cada um poderia estabelecer diferentes critérios e medidas, prejudicando assim este tão precioso bem.
Por outro lado, a defesa deste modelo de liberdade de expressão desafia outros Direitos, sobretudo a liberdade de culto, estimulando a segregação religiosa, o preconceito e a intolerância. Defender a liberdade de expressão nesses moldes seria o mesmo que autorizar a libertinagem, mesmo sabendo que estabelecer uma fronteira com a liberdade de expressão nem sempre é fácil, exigindo bom senso e 0% de sensacionalismo, elementos que nunca combinaram com a revista Charlie Hebdo.
O resultado dessa tragédia anunciada parece ter colocado a França e seu povo em rota de colisão com o Islã, mesmo aqueles mais moderados não concordam e repudiam esta concepção francesa de liberdade de expressão.
O custo do escárnio da Charlie Herbdo não será baixo, sendo preciso muito esforço do governo francês para reduzir o prazo dessa dívida, que infelizmente já começou a ser cobrada pelos mais radicais.
Que o Brasil não invente de importar o padrão de liberdade de expressão francesa, tampouco o estilo de agredir a fé alheia, a corrupção já nos impõe um castigo muito árduo.
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Sobre o blog
Advogado, Administrador Público, Procurador Municipal, sócio do escritório jurídico Ventura & Macário advogados associados. Tem forte atuação em demandas cíveis, sobretudo em causas contra a administração pública nas três esferas de poder. É torcedor e também advogado da Agremiação Sportiva Arapiraquense desde 2010.