O prefeito de Arapiraca, Rogério Teófilo (PSDB), usou o fechamento da fábrica da Coca-Cola para atacar o governador Renan Filho (MDB) e o vice-governador Luciano Barbosa (MDB). Em entrevista veiculada por uma emissora de rádio local na sexta-feira (07),  Teófilo responsabiliza a dupla e a secretaria de Indústria e Comércio pelo encerramento da linha de produção da companhia em Arapiraca.

"O governador tem que se posicionar pela interiorização e pela manutenção da fábrica da Coca-Cola em Arapiraca. Estamos cobrando isso", afirmou o prefeito, afirmando ter encaminhado ofício para a bancada federal, deputados estaduais de Arapiraca e órgãos reguladores do comércio e da indústria em Alagoas. Em outro ponto da entrevista, ele chegou a dizer ainda que "o vice-governador tem que defender a permanência da Coca-Cola e não retirar a fábrica de Arapiraca e colocar em Maceió".

As declarações foram um pretexto para o prefeito alfinetar seus desafetos políticos. Ele acusou Renan Filho e Luciano Barbosa de não serem defensores de Arapiraca e alegou que o município não recebeu infraestrutura de saúde.

"Arapiraca hoje já não tem nenhum hospital, nenhuma UPA construída pelo governo do Estado, todos foram construídos em Maceió. e agora tirar uma indústria de Arapiraca para botar em Maceió, o governador tem que se posicionar pela interiorização", disse. Rogério Teófilo, no entanto, esqueceu que Renan Filho cumpriu a promessa de triplicar a quantidade de leitos no Hospital de Emergência do Agreste e que a construção da UPA está sob a responsabilidade do município. O governo estadual pagou sua contrapartida na obra, que mesmo assim está paralisada há mais de um ano. 

A Solar Coca-Cola divulgou oficialmente, na quinta-feira da semana passada (06), que a linha de produção de refrigerantes está sendo encerrada na fábrica localizada no Distrito Industrial de Arapiraca. No entanto, desde a semana anterior funcionários já haviam recebido o aviso de desligamento da companhia. De acordo com o comunicado, 25 trabalhadores foram dispensados e outros 250 serão mantidos para trabalhar na lojística e setor comercial, que continuam a funcionar no parque industrial.

"A decisão é parte da constante revisão da malha industrial e logística. A medida tem o objetivo de ganho de produtividade com a concentração de produção e investimentos em nossa planta de Maceió, uma das mais modernas da Companhia", informou a companhia, que disse ainda que "que segue com uma robusta agenda de investimentos nas duas unidades de Maceió, acelerando o crescimento rentável da empresa e fortalecendo o compromisso com o Estado de Alagoas e toda sua população".

Em entrevista concedida um dia após a divulgação do comunicado, Rogério Teófilo contou que foi informado sobre o encerramento da linha de produção pela secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Zélia Azevedo e que, a partir de então, passou a buscar meios para tentar reverter a decisão da companhia. "Não é só pelos funcionários, isso [o encerramento da fábrica] diminui a receita do município. E se o governador diz que é para atrair indústrias, então não pode fechar em Arapiraca para abrir em Maceió. É isso que está acontecendo", falou.

Teófilo afirmou ter encaminhado ofícios explicando a "real situação" da fábrica da Coca-Cola em Arapiraca para a bancada alagoana no Senado e na Câmara Federal, e também para os deputados arapiraquenses na Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores. O prefeito afirma que CDL, Associação Comercial e Confederação da Indústria também foram comunicados por meio de ofício.

Isso tudo, de acordo com ele, fez com que o senador Rodrigo Cunha buscasse o politico e empresário Tasso Jereissati  - que seria um dos grandes investidores da Coca-Cola no Nordeste - para tentar rever a decisão e a linha de produção voltar a funcionar em Arapiraca.