Claudemir Calixto

Claudemir Calixto

Claudemir Calixto

[VÍDEO] Renan Filho: "decreto deve ser prorrogado em 31 de maio, com possíveis medidas que visem ampliar atividades econômicas"

Em entrevista à Malu Delgado, do Valor econômico, Filho destacou boa relação com Pazuello, mas não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro.

28/05/2020 13h01
[VÍDEO] Renan Filho: 'decreto deve ser prorrogado em 31 de maio, com possíveis medidas que visem ampliar atividades econômicas'

De olho nas curvas ascendentes nos casos de Covid-19 na Bahia e em Pernambuco, e também na curva ascendente do próprio estado de Alagoas, o Governador Renan Filho disse, na manhã desta quinta-feira (28), em entrevista concedida à editora-assistente de política do Valor Econômico, Malu Delgado, que o decreto que disciplina o comportamento da sociedade e setor econômico na pandemia do coronavírus, deve ser prorrogado a partir do dia 01 de junho.

Todavia, segundo ele, na finalização do prazo do decreto em vigor, o Governo vai avaliar a necessidade de um novo decreto de isolamento que permita que o governo trabalhe nas duas vertentes: “o estado vai seguir ampliando leitos, e, por outro lado, a população precisa seguir colaborando pra gente não o nosso sistema de saúde entrar em colapso”, afirmou o governador.

Segundo Renan Filho a ascendência da curva já demonstra uma desaceleração nos grandes centros, e um movimento oposto nos interiores. “Apesar de estarem crescendo o número de casos – ontem eu falei com o ministro Pazuello, e ele começa a observar (...) – nós começamos a observar que em algumas regiões metropolitanas, do Norte e do Nordeste, a curva começa a crescer com velocidade menor. Entretanto, há um outro problema que é o interior do Brasil. A região metropolitana apode desacelerar, enquanto pode haver uma aceleração no interior dos estados”, disse Filho.

Em função disso, o governador afirmou que há a possibilidade de prorrogação do decreto, mas com mudanças necessárias conforme as avaliações feitas. “Provavelmente nós vamos, sim, prorrogar o decreto, mas, talvez, nós tenhamos avanços em alguns segmentos. Por exemplo, podemos endurecer o decreto para alguns segmentos e podemos iniciar uma discussão com a sociedade pra gente trabalhar o retorno à normalidade em alguns setores que não atrapalhem a  medidas de isolamento nesse momento; que não dificulte as mediadas de isolamento nesse momento, e que não facilita a propagação de casos”, disse.

 

Em relação ao índice de isolamento no último final de semana, que saltou de 45% para 60% em relação a semana anterior, Renan Filho disse que isso se deve a dois fatores principais, o aumento no número de casos e de mortes e também as políticas adotadas pelo Governo do estado. Certamente o número de mortes e o número de caos, quando se levam, as pessoas têm mais clareza da realidade, parece que cai a ficha, o cidadão começa a perceber que a situação realmente é difícil, e ele passa a se preservar mais e preservar a sua família. De outro lado o estado vem comunicando muito o isolamento social como maneira de evitar que a pandemia contamine muita gente ao mesmo tempo”, afirmou.

Renan Filho criticou as sucessivas trocas no Ministério da Saúde, feitas pelo Presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que trocar muitas vezes ministros no momento de uma pandemia é ruim, porque o ministério da saúde é muito grande e o Brasil é um país complexo, que exige um enfrentamento às diferenças regionais pra combater uma doença como a Covid-19. No entanto Filho ponderou em relação a atuação do atual Ministro Eduardo Pazuello. “Mas, eu, sinceramente, diante da troca ter sido realizada, eu tenho buscado uma interlocução, inclusive, até mais próxima com o Ministro Eduardo Pazuello”, afirmou.

Mas, não poupou críticas à condução crise por parte do presidente Jair Bolsonaro. Renan Filho sugeriu que o presidente, através da sua posição em relação à cloroquina às críticas feitas pelo chefe do país ao isolamento social, isolou o Brasil, fazendo com que todos os esforços para o enfrentamento da crise se resumissem ao território nacional, dificultando a comunicação com outros países, dos quais depende o Brasil para a compra de EPIs e também de respiradores.

“É óbvio que o enfrentamento de uma pandemia dessa natureza precisa do componente nacional.  A dubiedade, até agora, na estratégia de isolamento ou não, de qual medicamento deve ser utilizado, em qual momento, isso trouxe muitas dificuldades para o país, e gerou um clima, sem dúvida, de instabilidade. Além disso, a união (sic) ela tem um papel fundamental no diálogo com outros países, especialmente os produtores desses equipamentos de proteção individual, dos respiradores”, disse.

Renan Filho ainda destacou que a política, através da dubiedade de estratégia, tem atrapalhado no enfrentamento da pandemia. Ele disse que defendeu o tempo inteiro que o Brasil seguisse as estratégias dos outros países do planeta. “Nunca é bom você ter uma estratégia única no enfrentamento de uma pandemia, sobretudo, quando ela não tem nenhuma base científica sólida.  Se a gente tivesse seguindo uma base científica sólida, as recomendações da Organização Mundial da Saúde, da comunidade médica, da comunidade científica nacional também, tudo bem. Mas, sem isso, é sempre muito perigoso seguir outro caminho”, afirmou Renan.

O jornal Valor Econômico vem fazendo lives diárias, nas quais realiza entrevistas com personalidades da política, da economia e da cultura, para “discutir o quadro de pandemia no Brasil, e ações que estão sendo tomadas e perspectivas do futuro". A entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (28), pelo governador Rena Filho, íntegra a série de conversas “A pandemia e os Governadores”.

 

Asista na íntegra a entrevista de Renan Filho concedida ao Valor

 

Sobre o blog

Comunicador, cronista, poeta e contista alagoano. Cofundador do coletivo artístico Projeto PAIOL. Graduando em Letras pela Universidade Federal de Alagoas. 

Arquivos