Enquanto a crise se aprofunda na prefeitura de Arapiraca, há cerca de dez dias Rogério Teófilo  (PSDB) não é visto no Centro Administrativo. O prefeito, que está em tratamento de saúde, passou alguns dias internado no hospital Arthur Ramos, em Maceió. 

Esses períodos de afastamento são acompanhados de perto pela família Pessoa, que aguarda a oportunidade de empurrar para escanteio seu antigo aliado. Caso Teófilo complete 15 dias longe de Arapiraca, é obrigado a transmitir o cargo para a sua vice, Fabiana Pessoa (Rebuplicanos), que já foi anunciada como pré-candidata nas próximas eleições municipais. Caso isso aconteça, mesmo por poucos dias, é quase certo que o marido dela, o deputado federal Severino Pessoa (Rebuplicanos) utilize de sua influência em Brasília para trazer recursos para o município e a vice-prefeita aproveite a possibilidade de expiar por baixo do tapete do gabinete de Rogério em busca de munição para a campanha política.

Há especulações, inclusive, de que Teófilo teria se aproximado de outro grupo político, também interessado nas eleições municipais. Para esse grupo, não é interessante que Fabiana Pessoa assuma a gestão municipal e, por conta disso, tem dado respaldo para que ele dê continuidade ao tratamento de saúde, mas sempre "dando as caras" por Arapiraca e cumprindo agenda externa para ser visto. Por conta disso, a equipe de comunicação está sempre a postos para produzir o maior volume de material possível nos dias em que o prefeito está na cidade, para veicular no decorrer dos dias em que ele está fora da cidade, para dar a impressão de que os períodos em que ele está passando por tratamento são menores do que de fato são.

Em julho deste ano, durante entrevista coletiva, Rogério Teófilo afirmou que havia se submetido a uma cirurgia em São Paulo para tratar do entupimento do canal que liga o pâncreas ao fígado, problema que havia sido identificado um mês antes, após um quadro de febre. Na época, o prefeito afirmou que estava "novo" e apto a continuar no comando da prefeitura. 

Mas, desde essa época, o prefeito tem passado cada vez mais períodos longe da prefeitura. Os assuntos institucionais são resolvidos pelo secretário de Gestão Pública, Antônio Lenine, ou pelo filho dele, Moacir Neto, que exerce função de secretário-executivo de gabinete, ou então simplesmente se acumulam aguardando o retorno do prefeito. 

O início do tratamento de saúde combina também com o aprofundamento da crise no município. Na mesma coletiva em que falou sobre a cirurgia, Rogério Teófilo chegou a anunciar que premiaria os servidores que ajudassem a administração pública a se tornar mais eficientes. Hoje, o funcionalismo é um dos principais gargalos da administração municipal. 

Quase 800 contratados e comissionados foram exonerados no início do mês. No entanto, praticamente todos continuam cumprindo expediente no Centro Administrativo, mesmo sabendo que parte deles não deverá ser readmitida. Além de trabalhar de graça - porque o período antes da nova nomeação não conta para a folha salarial - os desempregados da prefeitura estão desmotivados também com a falta de explicações sobre o motivo do atraso de dois meses de salário e da previsão de pagamento.