Clau Soares

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Clau Soares

Um registro dos dez dias da Operação Padrão em AL

28/12/2013 17h05

Um clima de terror instalou-se em Alagoas durante os dez dias de duração da Operação Padrão. No dia 17 de dezembro, os militares decidiram, como forma de pressionar o governo a atender reivindicações trabalhistas, realizar o trabalho de segurança somente de acordo com a legislação.

Em AL, a Operação Padrão praticamente paralisou os trabalhos dos militares uma vez que, segundo eles, os profissionais eram obrigados a sair às ruas com coletes velhos, dirigir viaturas sem possuir o devido curso de direção defensiva, entre outras irregularidades. Uma coisa ficou evidente: aqui, a lei existe mesmo somente no papel.

Apavorada e sem entender direito o que ocorria, a sociedade entrou em um clima de terror.
Em Maceió, onde a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros iniciaram o movimento, a população decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Em uma semana, já eram quatro casos de linchamento de pessoas acusadas de delitos somente em Maceió. Em um dos casos, um homem – acusado de tentar roubar uma moto- morreu no Hospital Geral do Estado.

Três dias depois do 3º Batalhão de Policiamento Militar aderir à Operação Padrão,em Arapiraca, Edlanio José da Silva, de 37 anos, foi morto a facadas por volta do meio-dia do dia 23 deste mês, na Rua São Francisco, uma das mais movimentadas do Centro de Arapiraca. Ele havia tentado roubar o agressor que reagiu e desferiu um golpe de faca na nuca de Edlanio.

Nas redes sociais, muitos internautas faziam questão de piorar o estado de insegurança e disseminar boatos de arrastões na capital. No interior, temeu-se que mais violência fosse disseminada.

A PM não estava em greve, nem aquartelada, apenas decidiu que só trabalharia de acordo com a lei. Mas a sensação do cidadão comum, aquele que não possui arma nem “coragem” de atacar, era de que estava abandonado.

Por fim, neste 27 de dezembro, a Operação Padrão foi encerrada em todo o Estado, depois de os militares aceitarem a contraproposta do Governo que, em suma, prevê reajustes salariais e melhorias nas condições de trabalho.

Estamos mais protegidos?

Um Estado no qual o cumprir a lei significa paralisação porque quase tudo é feito de forma irregular nunca deixará de ser violento e inseguro. Mais que aumento salarial, é necessário dar aos agentes policiais verdadeiras condições de trabalho para que eles não sejam também vítimas da violência desenfreada.
 

Sobre o blog

Jornalista, especializada em Comunicação Empresarial. Assessora de comunicação. Interessada em cultura digital, empreendedorismo e pessoas.

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