O MADRUGADOR E SUA PRINCESA

Todo dia ele saía
Sempre o mesmo rojão
A sua amada ficava
Veja que situação
O frio da madrugada
Já com o pé na estrada
Vinha a separação

Com sua voz cadenciada
Poesias a declamar
E a música nordestina
Sempre em primeiro lugar
O resto ia moendo
A hora certa dizendo
Vida nova a anunciar

Se falava em coisa boa
Era muito falatório
As seis hora, ave Maria
E aquele jovem notório
Sua princesa lembrava
Ela sim o encantava
Feito santa em oratório

Zé do Rojão sem Maísa
É difícil conceber
E Maisa sem o Zé
A gente nunca vai ver
Um amor assim dengoso
Dum jeito tão carinhoso
Eu não posso esquecer

Zé é o matuto sabido
O povo lhe tem respeito
Ao lado de sua Maísa
Ele demonstra ter jeito
A filharada cresceu
E o Zé nunca esqueceu
Sua vida de conceito

O trabalho dignifica o homem
Sempre diz Zé do Rojão
Por isto todo sábado
Defendo o nosso sertão
Há muito tempo aposentado
A labuta é seu legado
É símbolo da região

E agora Zé amanhece
Com sua costela quente
Maisa toda faceira
Cutuca Zé, e ele faz que não sente,
E continua a dormir
E dona Maisa a sorrir
Cuidando do Zé da gente.