Covid -19

Baixa ocupação de leitos permite avanço de fase, mas população deve manter cuidados, segundo médico

Médico Celso Marcos afirma que Arapiraca estava pronta para avançar à fase laranja, mas se recomendações não forem seguidas, internações podem voltar a subir

Por Patrícia Bastos/ 7Segundos 06/08/2020 17h05 - Atualizado em 06/08/2020 18h06
Baixa ocupação de leitos permite avanço de fase, mas população deve manter cuidados, segundo médico
Redução na ocupação de leitos possibilita avanço de fase de reabertura - Foto: Assessoria HEA/ arquivo

Uma semana após Arapiraca avançar para a fase laranja da retomada econômica na pandemia de coronavírus, o médico Celso Marcos, que trabalha como plantonista no Hospital de Emergência do Agreste e atua também como coordenador médico da Atenção Básica em Saúde do município, diz que não é possível atestar se ‘o pior já passou’, mas declara que a estruturação hospitalar no município e a quantidade de leitos vagos para pacientes com Covid-19 demonstram que o município reune as condições de iniciar o processo de reabertura econômica.

“A verdade é que o comércio de Arapiraca nunca chegou a fechar de fato. No momento em que não tinha sequer leitos disponíveis e estruturação hospitalar adequada, a gente estava com comércio aberto a pico. Mas melhorou muito, temos as unidades básicas de saúde, temos as unidades que foram abertas neste período, e agora a gente tem uma boa quantidade de leitos disponíveis. No hospital de campanha está bem vago, assim como nos outros hospitais. Então essa flexibilização é possível sim, mas precisamos acompanhar os indicadores de ocupação hospitalar”, afirmou o médico.

Celso Marcos afirma que como a Covid-19 é uma doença nova e não ter como comparar com outras pandemias, não é possível dizer se, de agora em diante, a quantidade de casos vai diminuir. Ele afirma que “pela forma que a situação está encaminhando, a evolução está sendo positiva”, mas mesmo assim, é necessário manter os cuidados para que não ocorram novos picos de contágio, que podem levar a um aumento na lotação dos leitos hospitalares e o consequente regresso à fase mais rígida da quarentena. 

'Novo normal'

Segundo ele, os cuidados básicos de proteção como manter o distanciamento físico das outras pessoas, evitando aglomerações; uso correto de máscara de proteção e a higienização constante das mãos devem se tornar um hábito a ser mantido mesmo depois de a pandemia passar até porque, Celso Marcos, o coronavírus não vai deixar existir.

“A partir de agora vamos conviver com a Covid-19. O vírus não vai desaparecer. O que a gente espera é que assim que a vacina estiver pronta, e já deve estar bem próximo disso acontecer, a gente possa imunizar a população para que todos possam tocar a vida”, declarou.

Mas enquanto isso não acontece, o médico que atua no Hospital de Emergência do Agreste, continua adotando medidas, que chama de “protocolo para entrar em casa”, sempre que retorna do serviço. Ele conta que entra em casa por uma porta lateral e em seguida tira os sapatos que são colocados em uma solução com hipoclorito de sódio e faz higienização em um banheiro na área externa para não entrar em casa com a roupa que usou no trabalho. “Também passei a evitar contato com muitas pessoas, amigos e até familiares. Restringi o contato porque a gente que está na linha de frente tem um potencial maior de contrair a doença e, sem esses cuidados, colocar em risco pessoas com quem a gente tem contato”, declarou.

Oferta e superinflação


No ambiente hospitalar e ambulatorial, de acordo com o médico, a situação dos profissionais de saúde no início da pandemia era muito estressante. Vários desenvolveram sintomas de ansiedade. “Para a gente da gestão, a situação era mais complicada ainda. Preciso ter atenção com 40 unidades básicas de saúde e 67 equipes. Foi muito estressante tanto porque estávamos passando por uma situação completamente nova e também porque a gente tinha dinheiro para comprar os EPIs e medicamentos, mas não conseguia porque não havia disponibilidade”, declarou, se referindo a sua atuação como coordenador médico da Atenção Básica em Saúde.

Celso Marcos, no entanto, afirma que a dificuldade do município adquirir insumos para o enfrentamento e prevenção ao coronavírus foi superada. “Mas há uma superinflação desses produtos em relação ao período anterior à pandemia. A gente tem mania de chamar todo mundo de corrupto, mas precisamos refletir que no momento em que mais precisamos, quem poderia ajudar se aproveitou. E então um produto que antes custava sete centavos, passou a ser vendido por três reais e cinquenta centavos. Isso gera um problema gigantesco e acusações de corrupção que são injustas”, ressaltou.