Maceió

Colinas de Golã voltam a ser foco de tensão entre Israel e Síria

A Guerra dos Seis Dias foi um marco na geopolítica da região e até hoje deixou situações não resolvidas, entre elas esta disputa pela região

Por R7.com 20/07/2018 13h01
Colinas de Golã voltam a ser foco de tensão entre Israel e Síria
Visão do alto das colinas do Golã é estratégica - Foto: Reuters/Ronen Zvulun

Sob controle da Síria desde 1946, as Colinas do Golã, região estratégica na fronteira entre Israel, Síria e Jordânia, foi conquistada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Trata-se de uma região antiga, que, antes de ser dominada pelo Império Otomano, já pertenceu a hebreus, amoritas e o povo árabe ituriano.

O tema voltou à tona, após recentes vitórias do governo de Bashar al-Assad na Síria, contra os rebeldes, quando tropas do governo se aproximaram da fronteira síria das colinas, para onde também foram entre 285 mil e 325 mil sírios que fugiram dos combates. Israel passou a monitorar a região com maior intensidade.

Este planalto basáltico tem como ponto mais alto o Monte Hermon, que em alguma parte se liga às colinas, com seu topo nevado em meio a uma região tomada pelo brilho do sol.

Por sua altitude, as Colinas do Golã são consideradas um ponto estratégico para Israel, por facilitar a visão de toda a planície síria que se esparrama pelas redondezas.

Esta é uma área bucólica, muito em função de todo um projeto de recuperação feito por Israel, desde os anos 50, quando o governo transformou o vale do Hula, antes um pântano inóspito, em um núcleo de biodiversidade e belezas naturais. O vale faz fronteira com as colinas, a oeste.

A região é importante para Israel também por ser fornecedora de água dentro do país. No sul, sua fronteira com o Rio Yarmuk, que deságua no Rio Jordão, ajuda no fornecimento de um terço da água em Israel.

A Guerra dos Seis Dias foi um marco na geopolítica da região e até hoje deixou situações não resolvidas. Israel, na ocasião, estava na iminência de ser atacado por três países simultaneamente: Síria, Jordânia e Egito.

Um dos fatores que desencadearam a ação de Israel, que, argumentando estar se protegendo, atacou preventivamente esses vizinhos, foi justamente a presença de artilharia síria em cima das colinas.

Muitos kibutzim e civis eram alvos de ataques daqueles grupos. Em abril de 1967, Israel já dava sinais de que a presença daqueles militares no Golan era um incômodo. E os atacou na ocasião.

A guerra em si teve início em junho de 1967. Em três dias, Israel fez os chamados ataques cirúrgicos, destruindo praticamente todos os aviões egípcios, base da força aérea dos aliados contra Israel.

Depois, retomou partes da Cisjordânia e reunificou Jerusalém, que desde 1948, estava sob controle jordaniano. E conquistou as colinas do Golã, da qual até hoje mantém controle de dois terços.

Em 1981, Israel anexou esse território, estabelecendo a Lei das Colinas de Golã, mesmo contrariando posição do Conselho de Segurança da ONU, que não aceita a anexação.

Ao longo dos anos, Israel intensificou o domínio, com assentamentos. Mas houve possibilidades de acordos.

Em 1967 mesmo, o país aceitou transferir o controle da região para a Síria, mas, dentro da Resolução de Cartum, a posição dos árabes, conforme já confirmou o ex-primeiro-ministro Shimon Peres, era a de "não reconhecer Israel, não negociar com Israel e não fazer a paz com Israel".

Em 1999, o então primeiro-ministro israelense, Ehud Barak (1999-2001), aceitava devolver boa parte das colinas em troca da paz. Mas não houve acordo em função de poucos quilômetros que envolviam a entrega de uma região na costa do Mar da Galiléia, situado na fronteira oeste das colinas.

Mais recentemente, o então primeiro-ministro Ehud Olmert (2006 a 2009), em retomada das conversas com os palestinos, incluiu a possibilidade de ceder o Golã à Síria. A contrapartida já vislumbrava movimentações dos atuais conflitos.

Olmert queria, em troca, que a Síria rompesse relações com o Irã e com grupos refratários a Israel, como o Hamas e o Hezbollah. Não foi bem-sucedido.

E cerca de dois anos depois se iniciou a Guerra da Síria, com o ditador Bashar al-Assad recebendo o apoio justamente do Hezbollah e do Irã.

A perda de território do Daesh na Síria ajudou a ampliar a atuação xiita no país. Segundo cálculo do embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, há 80 mil milicianos xiitas treinados e recrutados pelo Irã em território sírio.