Polícia

[Vídeo] “Não há animosidade entre PC e Baixinho Boiadeiro,” alega delegado

Irmã de Pretinho teria emitido nota questionando ação da polícia

Por 7Segundos 03/05/2018 13h01
[Vídeo] “Não há animosidade entre PC e Baixinho Boiadeiro,” alega delegado
Delegado Thiago Prado - Foto: PC/AL

Atualizada às 18h41

O delegado Thiago Prado falou com exclusividade ao 7Segundos sobre a operação realizada na tarde das quarta-feira (02) e que resultou na prisão de José Anselmo Cavalcante de Melo, o Pretinho Boiadeiro e o motorista da família, Dalbério José Menezes. O delegado também falou sobre nota que circula nas redes sociais e que é atribuída a Maria da Conceição Cavalcanti, a Bahia Boiadeiro, irmã de Pretinho.

O delegado alega que no fim da manhã de ontem a polícia recebeu a informação que José Márcio Cavalcanti de Melo, o Baixinho Boiadeiro, foi visto em uma região de Arapiraca que a polícia não revela onde para não atrapalhar o curso das investigações. Em seguida os policiais foram informados que ele estava em uma fazenda na zona rural de Craíbas, que pertence à família dos Boiadeiro.

Duas equipes da PC foram até a fazenda com carros descaracterizados e avistaram uma L200, de cor branca. O carro era igual ao modelo informado na denúncia que dizia ainda que Baixinho estaria no interior do veículo. Ao se aproximar, a PC percebeu que outros dois homens estavam próximo do carro. Os policiais fizeram o retorno e ao chegarem perto da L200 os dois indivíduos entraram correndo dentro da picape. Um deles ainda teria deixado uma arma cair no caminho e voltou para buscar. Um terceiro indivíduo estava dentro do utilitário, sentado ao volante e saiu em disparada, chegando a cruzar com as viaturas da PC, que apesar de descaracterizadas estavam com giroflex, identificando que se tratavam de policiais.

Os agentes usavam um Sandero e um Palio e não conseguiram acompanhar a L200, perdendo os suspeitos de vistas. Momentos depois, receberam a informação de que Pretinho Boiadeiro teria se apresentado no Batalhão de Arapiraca, alegando que estava sendo perseguido e que era vítima de uma emboscada. Uma terceira equipe da PC foi até o Batalhão, fez a captura de Pretinho e o levou para a Central de Polícia de Arapiraca.

As outras duas equipes se depararam mais uma vez com a L200 e perseguiram a caminhonete até uma residência no bairro da Cohab, também em Arapiraca. A casa pertence a avó de Pretinho, Maria Madalena. Ao chegar na casa, a caminhonete estava trancada e um indivíduo foi visto entrando no imóvel. A polícia foi autorizada por Madalena e ao entrar na casa se deparou com Dalbério José Menezes, motorista da família, portando um cinto, preso a ele, uma cartucheira com seis munições calibre 38. Nesse momento a polícia deu voz de prisão ao motorista por porte ilegal de arma de fogo.

Os policiais também acharam a chave da caminhonete e ao abriri o veículo encontraram duas armas de fogo jogadas no piso do veículo, do lado do passageiro: uma pistola calibre 380, com três carregadores e 36 cartuchos, além de um revólver calibre 38 com seis munições.

Com isso, a polícia concluiu que Pretinho deveria ser preso por porte ilegal de arma de fogo e desobediência, já que não atendeu à ordem de parada da polícia, fugindo para o Batalhão da PM.

Thiago Prado confirma que a arma está em nome de José Anselmo, o Pretinho Boiadeiro, mas alega desacordo com a documentação legal, já que o registro feito junto a Polícia Federal não permite que a arma saia da residência de Pretinho, localizada em Batalha. “No momento em que essa arma de fogo sai de Batalha e entra em trânsito no veículo com o mesmo, ele está incorrendo no crime de porte ilegal de arma de fogo. Fato que se agrava por está com mais dois indivíduos igualmente armados e aí vislumbra inclusive o delito de associação criminosa, ” explica o delegado que negou ter havido troca de tiros entre policiais e perseguidos.

Baixinho
“O intuito de nossa equipe é não entrar em confronto com nenhum membro da família. Nosso objetivo já foi passado para a família. É que Baixinho Boiadeiro se apresente justamente afim de evitar um conflito, uma troa de tiros e aí ter uma tragédia. Evidentemente que os policiais vão cumprir uma medida dessa extremamente antenados e preparados, uma vez que é de conhecimento de todos que a família Boiadeiro, com suas razões, tem andado armada. A prova disso é o ocorrido na tarde de ontem, ” conta Thiago.

O delegado também afirmou que não é objetivo do Polícia Civil ou da Secretaria de Segurança Pública um conflito. “A gente aguarda que eles tenham essa prudência para que a gente possa interroga-lo. Depois ele vai ser submetido ao exame de corpo de delito e encaminhado a alguma unidade de custódia prisional.

Prado contou que Baixinho ainda não teria se entregado porque a família quer uma garantia de integridade física. “Isso claro a gente garante tanto para ele quanto para qualquer outro indivíduo quem venha a ser custodiado. Não há animosidade pessoal entre nenhum membro da Polícia Civil e Baixinho Boiadeiro. Nosso papel é efetuar o cumprimento da uma ordem judicial e a ordem é que deve ser preso um indivíduo conhecido como Baixinho Boiadeiro e assim iremos cumpri-la,” afirma Prado.

O delegado também disse que o terceiro indivíduo que escapou ao cerco policial tinha o mesmo biótipo de Baixinho: “policiais que estavam na diligência acreditam que pela compleição física do indivíduo que entrou na L200 poderia sim ser o Baixinho Boiadeiro. ”

Horas antes de nossa reportagem falar com o delegado, recebemos texto atribuído a Maria da Conceição Cavalcanti, a Bahia Boiadeiro, onde ela questiona que a família Boiadeiro estaria sendo ‘marcada’ e relembra a morte de seu pai, e ex-vereador por Batalha, Adelmo Rodrigues, o Neguinho Boiadeiro, morto a tiros em frente à Câmara Municipal de Batalha, no ano passado.

Leia nota na íntegra:

Venho através dessa nota esclarecer alguns fatos que vem circulando em jornais na noite de ontem.
Em primeiro lugar a Polícia chegou na nossa Fazenda localizada em Craíbas, onde meu irmão Preto se encontrava junto com o motorista e trabalhadores que estavam arando terra para plantar milho, chegou DOIS CARROS DESCARACTERIZADOS( 1 Palio e 1 Sandero) INVADIRAM A FAZENDA SEM MANDADO DE BUSCA COM 8 HOMENS FORTEMENTE ARMADOS DESCARACTERIZADOS TAMBÉM, quando meu irmão viu os carros entrando na fazenda, correu para dentro do carro da gente uma L-200 branca, na mesma hora o Preto Boiadeiro me mandou um áudio pelo WhatsApp pedindo ajuda que tinha entrado homens na fazenda e ele não sabia quem era, lembrando também que NÃO HOUVE TROCA DE TIRO PORQUE MEU IRMÃO ESTAVA NO CARRO BLINDADO e correu para o Batalhão da Polícia de Arapiraca pedindo SOCORRO inclusive tem polícias do Batalhão que são testemunhas disso, e em seguida o delegado chegou dizendo que ele tinha um mandado em prisão em aberto ou seja confundiram ele com o meu outro irmão Baixinho Boiadeiro, meu irmão Preto Boiadeiro está preso e o MOTIVO É SIMPLESMENTE UMA ARMA QUE ESTAVA NO CARRO E MESMO ASSIM A ARMA É REGISTRADA NO NOME DELE, achando pouco eles ainda ficaram com o carro detido também alegando não ter o certificado da blindagem, quando eu falei que o certificado estava no interior do veículo e eles perceberam que não tinha motivo de deixar o veículo apreendido, disseram que o veículo só sairia quando o Preto fosse liberado porque correu nesse veículo...
Aí eu pergunto a vocês se meu irmão estivesse com prisão decretada ele iria correr para o Batalhão da Polícia? 
Ainda pergunto mais além de ter o PAI ASSASINADO EM PLENA LUZ DO DIA NO MEIO DA RUA, precisamos está passando por essas humilhações toda por conta de uma simples troca de tiro entre meu irmão Baixinho e o Zé Emílio? 
Que marcação é essa com minha família?