Música

Vinil completa 70 anos neste sábado e mantém status de mídia atemporal

Em Alagoas, o vinil ganhava destaque nas décadas de 60 e 70

Por 7Segundos 21/04/2018 07h07
Vinil completa 70 anos neste sábado e mantém status de mídia atemporal
Vinil completa 70 anos e mantém status de mídia atemporal na era do streaming - Foto: Reprodução/TenhoMaisDiscosqueAmigos

Sobrevivente há mais de seis décadas de inovações de mídia tecnológica, o Vinil faz aniversário neste sábado (21), e continua atraindo aficionados e ganhando espaço em bares e pubs da cidade, seja em eventos dedicados a apreciadores do ‘Bolachão’, como ficou conhecido, ou apenas para os fãs de ‘boa música’ que se encantam com a qualidade sonora de uma mídia atemporal.

Em Alagoas, o vinil ganhava destaque nas décadas de 60 e 70, quando estourava no Brasil, com lojas de disco sendo inauguradas no estado, gravadoras e selos produzindo a arte de compositores, cantores e músicos da terra, que fizeram parte da história da música alagoana.

Em Maceió, lojas como a pioneira Eletrodisco, Só Discos, Toka Disco & Tapes, Alagoas Discos, Som Pop Discos, e A Kentinha e Presendiscos em Arapiraca, foram inauguradas durante o auge dos LP’s e fecharam as portas devido a popularização do CD.

Com o objetivo de preservar a cultura musical representada nos discos, surgiu no estado no ano de 2010 o Clube do Vinil, que a princípio consistia em uma reunião de apreciadores e colecionadores, além de promover debates acerca da mídia, onde LP’s eram trocados e tocados, em eventos que aconteciam de início em um período quinzenal e que passou a ser mensal, sempre realizados nas casas de membros, antes de se transformar em um blog e projeto musical.

Um dos fundadores do Clube do Vinil, Walter Pires, o ‘Walter Kbça’, como é conhecido na cena alagoana, e o historiador e colecionador de LP’s que assina publicações no blog, Dimas Marques, falaram em entrevista ao 7Segundos sobre o início do gosto pelo vinil e a vida nova do projeto através da discotecagem e das publicações.

“Quando eu tinha 8 anos de idade me interessei por música, isso em 1989, mas não tinha grana para comprar discos, pois eram caros. Eu tinha poucos, que ganhava de tias e de minha mãe, mas com o tempo fui deixando a mídia de lado”, explicou Walter, que afirmou ter voltado a se interessar pelo vinil nos anos 90.

Convidado por Walter a escrever no blog, após se conhecerem em uma das reuniões do Clube do Vinil, o interesse de Dimas Marques pelo vinil veio um pouco mais tarde após ouvir discos de rock com os primos no interior de Alagoas.

“Foi algo familiar e do nada ao mesmo tempo. Estava no interior com meus primos, em 2003, e um deles tinha uns discos de heavy metal, que eram do pai, daí pegamos alguns e fomos ouvir. Fiquei deslumbrado, até aquele dia, meu único contato com o vinil, que eu lembre, tinha sido com menos de um ano de idade, bulindo, nem imaginava saber o que era”, lembrou.

Daí não demorou muito tempo até despertar a vontade de ter seus próprios exemplares.

“Só fui começar a comprar dois anos depois, em 2005, e não lembro por qual motivo, talvez lembrando daquele momento em Delmiro Gouveia, porque não houve influência de ninguém depois daquele dia”, complementou.

Colecionador e blogueiro, Dimas usa a formação e a paixão pela música para manter viva a história de lojas, gravadoras, selos, e artistas alagoanos, um material de dar inveja, com entrevistas em vídeo e texto, que podem ser vistas no Blog Clube do Vinil.

“Apesar das dificuldades, havia um mercado legal para o vinil, inúmeras lojas na capital e interior, muitos artistas também, independentes e com gravadora grande. As entrevistas são apenas uma pequena parte do que existiu aqui, algo que pretendo aprofundar e escrever alguns livros”, afirmou.

Após um ano e meio de reuniões, o Clube do Vinil encerrou seu ciclo, mas ganhou nova vida através de um projeto musical iniciado por Walter e Thiago Cupim, percursores do grupo, que começaram a usar o nome para promover discotecagem em casas noturnas de Maceió, com um repertório diversificado e de qualidade.

“Nós resolvermos ficar com o nome, e usar em um projeto de discotecagem, a gente usava Clube do Vinil Discotecagem, que é o projeto que eu ando fazendo até hoje, que já tem uns 7 ou 8 anos, que eu estou usando esse nome para fazer as discotecagens em casas noturnas, em festas particulares. O Thiago, já faz uns 4 anos que não faz mais parte do projeto, aí eu fiquei sozinho”, explicou Walter, às vésperas de se apresentar em evento em comemoração ao dia do Vinil, onde abrirá o show da banda alagoana Mopho.

Aliás, o show “Mopho Viniraliza” realizado nessa sexta-feira (20), no Rex Jazz Bar, também contou com exposições de vinis, com direito a presença de Dimas e de outros colecionadores, que exibiram suas LP’s no evento. Em Arapiraca, o aniversário do vinil foi comemorado com discotecagem especial no Vinil Coffee Bar.