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Assessoria política de Trump teve acesso a dados privados de 50 milhões de usuários do Facebook

Por Olhar Digital 19/03/2018 09h09
Assessoria política de Trump teve acesso a dados privados de 50 milhões de usuários do Facebook
Facebook - Foto: Reprodução

Uma empresa de consultoria política que teve participação importante na eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foi suspensa do Facebook por ter coletado dados privados de usuários indevidamente durante anos. A Cambridge Analytica, que faz parte do grupo Strategic Communication Laboratories (SCL), guardou dados de 50 milhões de usuários da rede social sem consentimento deles.

Na última sexta-feira (16), o Facebook anunciou a suspensão da SCL e da Cambridge Analytica da plataforma por causa do uso indevido de dados privados dos usuários da rede social. A companhia usou um professor de psicologia da Universidade de Cambridge para adquirir os dados.

O professor de psicologia em questão é o Dr. Aleksandr Kogan, que criou um aplicativo chamado "thisisyourdigitallife" em 2014. O app foi baixado por mais de 270 mil pessoas, que forneceram assim dados não só delas como também de amigos a Kogan. O professor, que dizia usar os dados para fins acadêmicos, então repassou as informações - adquiridas por ele de maneira legítima, segundo o Facebook - à Cambridge Analytica, o que não é permitido pela rede social. Considerando as informações de amigos dos usuários do aplicativo, o banco de dados coletado pelo professor Kogan era de mais de 50 milhões de pessoas.

Apesar da justificativa legítima de uso acadêmico das informações, o funcionamento do app é parecido com outros que de tempos em tempos se tornam febre dentro da rede social e coletam o máximo de informações possível de usuários oferecendo um serviço aparentemente inofensivo. Um caso recente do tipo é o teste que mostrava como seria a pessoa caso ela fosse do sexo oposto.

Quando o Facebook ficou sabendo disso, em 2015, exigiu que essas informações fossem destruídas. Mas elas não foram, e o Facebook não fez nada para conferir se os dados ainda estavam nas mãos da empresa, além de não ter notificado usuários de que seus dados tinham sido vazados sem consentimento deles.

O serviço oferecido pela Cambridge Analytica é voltado para políticos. A empresa analisa os dados dos usuários para criar perfis pessoais e entregar anúncios específicos durante campanhas eleitorais.

A participação da Cambridge Analytica nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos é vista por muitos como fundamental para a vitória do atual presidente Donald Trump, que usou os serviços da empresa para atingir potenciais eleitores. A companhia também teve papel importante na campanha do Brexit, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia.

A Cambridge Analytica diz que os dados em questão foram excluídos quando o Facebook pediu, mas de acordo com reportagem do New York Times isso não aconteceu. A empresa diz que está trabalhando junto ao Facebook para solucionar o problema. O Facebook nega que o caso configure roubo de dados, já que as informações foram obtidas inicialmente de forma legítima e não houve nenhum tipo de invasão dos servidores da empresa.

 

Brasil

As eleições presidenciais de 2018 no Brasil marcariam a estreia da Cambridge Analytica em território nacional, mas isso não deve mais acontecer. A consultoria política CA Ponte firmou uma parceria com a empresa para usar seus métodos em campanhas políticas dentro do país. No entanto, o acordo foi suspenso.

De acordo com o Globo, o publicitário André Torreta, dono da CA Ponte, disse que se surpreendeu com a investigação que está sendo feita sobre a atuação da Cambridge Analytica e, por isso, suspendeu a parceria."