Brasil

Alagoano nega privatização da Infraero, mas mantém concessão de aeroportos

Ministro não informou quanto o governo espera arrecadar com a iniciativa

Por 7 Segundos Arapiraca com Agência Câmara Notícias 16/09/2017 10h10
Alagoano nega privatização da Infraero, mas mantém concessão de aeroportos
Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares já operava há três anos sem os fingers; problema se tornou uma das principais solicitações do Governo de Alagoas à Infraero - Foto: Jonathan Lins

O ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, disse que o governo Temer não vai privatizar a Infraero, estatal que administra 59 aeroportos do Brasil. Por outro lado, o ministro alagoano afirmou que vai manter a decisão de conceder 14 aeroportos para a iniciativa privada.

Ainda segundo Quintella, o governo também estuda se desfazer da participação acionária da estatal nos terminais concedidos de Brasília (DF), Guarulhos e Viracopos (SP), Confins (MG) e Galeão (RJ). A Infraero possui 49% de cada concessão.

O Ministro dos Transportes participou de audiência pública realizada na última quarta-feira (13), debate promovido pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e Viação e Transportes (CVT) da Câmara de Deputados.

“Não há, nem nunca houve, no governo, uma proposta de privatização da Infraero. Um país de dimensão continental não pode prescindir de uma empresa pública no setor aeroportuário”, disse Maurício Quintella aos deputados.

Ele afirmou que o ministério encomendou um estudo para analisar o impacto da concessão dos aeroportos na receita da Infraero e apontar soluções para que a estatal não se torne dependente do Tesouro Nacional.

Entre as possibilidades em estudo, está a oferta de ações no mercado.

Segundo Quintella, os funcionários que fazem parte dos 14 terminais que serão concedidos poderão ser absorvidos, em parte, pelos consórcios vencedores das licitações, ou poderão optar pelo desligamento voluntário, que será custeado pelo novo operador do aeroporto.

Restrição
O ministro disse também que a concessão dos aeroportos é uma consequência da restrição orçamentária do governo, que não possui dinheiro para investir em transportes. “Não há recursos público, nem do Tesouro, nem da Infraero, para fazer frente aos investimentos que esses aeroportos precisam. E nem se vai ter a curto prazo.”

No início do mês, o ministério divulgou o edital de chamamento público de estudos de viabilidade para a licitação dos 14 aeroportos a serem concedidos à iniciativa privada. O estudo deverá apontar, entre outros fatores, como será feita a licitação – se em blocos de aeroportos ou individualmente em alguns casos.

Maurício Quintella não informou quanto o governo espera arrecadar com as concessões. Disse apenas que os recursos arrecadados irão para o Tesouro Nacional, e não para o caixa da Infraero ou do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), destino do dinheiro arrecadado com a licitação, realizada em março, dos terminais de Pinto Martins (CE), Luiz Eduardo Magalhães (BA), Hercílio Luz (SC) e Salgado Filho (RS).

Entre os aeroportos que serão licitados está o de Congonhas (SP), hoje o de maior faturamento para a Infraero. Lessa disse ser pessoalmente contra esta concessão, pelo menos no momento, mas disse que foi voto vencido no governo.


A afirmação do ministro alagoano de que não haverá privatização da estatal aeroportuária foi questionada pelos deputados Bohn Gass e Erika Kokay. Para eles, o projeto do governo é esvaziar a empresa para vendê-la no futuro. “Ao se inviabilizar a Infraero, se encontra a justificativa para entregá-la”, disse Kokay. Ela lembrou que o presidente da estatal, Antônio Claret de Oliveira, informou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que a venda dos terminais mais lucrativos levará a empresa ao vermelho por mais de 15 anos.